As canções radicais e activistas de Chain & The Gang
"Espero que as pessoas oiçam o que tenho para dizer porque actualmente sinto que há um enorme medo na música, de que as pessoas revelem que têm uma personalidade e ideias próprias". Apesar da fase de intensa fúria a bordo dos Nation of Ulysses já fazerem parte do passado, com os Chain & The Gang Ian Svenonius continua a sua luta pela defesa da inteligência social e o constante questionamento das instituições que nos regem.
Como afirmou ao DN, esta noite, o músico espera que as suas palavras se façam ouvir com clareza, a partir das 22.30 no MusicBox, em Lisboa. Bilhetes para o concerto custam oito euros.
Indissociável da sua música estão também as suas visões políticas. Em 2006 chegou mesmo a publicar o livro 'The Psychic Soviet', num formato bastante semelhante ao Livrinho Vermelho de Mao Tsé-Tung. Com os Chain and The Gang estreou-se com o álbum curiosamente intitulado 'Down With Liberty... Up With Chains!'.
"Não acredito na ideologia da liberdade de escolha porque apenas serve um mercado que não é verdadeiramente livre. A democracia é só uma palavra que os estados utilizam quando começam a atirar bombas para cima das pessoas", referiu. Ian Svenonius chega mesmo a salientar que no contexto actual "o conceito de liberdade foi usurpado".
O seu percurso na música já remonta ao final dos anos 80, mas ainda hoje o músico que quer continuar "a fazer coisas que as pessoas odeiem". No entanto, Ian Svenonius tem uma explicação para esta vontade: "Hoje dizem que a música que eu fazia há 20 anos é incrível mas só porque já não é uma ameaça, porque na altura consideravam-na um lixo. As pessoas que hoje decidem que o que se fazia há 20 ou 30 anos é bom são as mesmas que odiavam isso na altura.
Daí que acredite que quando as pessoas não gostam do que estás a fazer, então estás no bom caminho".
Várias das biografias em torno de Ian Svenonius referem-no como um anti-capitalista, anti-americano e radical. O próprio não o nega. "É tão fácil ser-se radical, porque praticamente não existem barreiras entre quem é ou não radical. Para mim basta dizer o que penso", afirma.
Numa altura em que a palavra crise é repetida vezes sem conta na sociedade ocidental, o músico não deixa de acreditar no fim de muitas instituições que nos regem: "São completas fantasias. De momento pode parecer impossível mudar o estado das coisas, mas quando essas instituições colapsarem, aí as pessoas vão perceber que um governo não passa de um grupo de engravatados a quem as pessoas deram poder. Quando o rock'nroll acabar também vamos todos olhar para trás e perguntar 'porque é que continuámos a fazer isto?'. Eu adoro o rock'n'roll, mas não é a coisa mais importante do mundo".