As boas e as tristes notícias

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Sem vacinação não há economia nem país reabilitado. A vacinação da população é o caminho para enfrentar a pandemia e recuperar o país. A inoculação dos portugueses acelerou nas últimas semanas, e esse facto merece ser assinalado positivamente, e junta-se ainda a boa notícia da data de 4 de julho para início dos agendamentos para maiores de 18. Só com toda a população vacinada, incluindo as crianças - para que os surtos entre os mais novos tenham um travão, bem como os surtos entre os pais das crianças, muitos nas faixas dos 20 aos 40 anos -, poderemos respirar um pouco de alívio. Sabemos, ainda assim, que nenhuma poção mágica garante um proteção a 100% e que é preciso manter todos os cuidados: máscaras, lavar as mãos e distanciamento físico.

Outra boa notícia são os certificados digitais covid. Já foram emitidos 350 mil certificados conforme avançou ontem ao DN o presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Luís Goes Pinheiro, e poderão ter uso internacional e nacional. Aliás, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já promulgou o diploma que executa o certificado digital europeu em Portugal. Para obter o documento o leitor deve aceder ao portal SNS24.

Nas tristes notícias da semana está uma cujo título poderia ser "o país das cunhas". Prende-se com os casos de vacinação, no Porto, de pessoas com mais de 18 anos que foram vacinados após um alerta da junta de freguesia no Porto, na sequência do qual foram inoculadas a apresentadora Maria Cerqueira Gomes, 38 anos, e a filha, Francisca, de 18. Foi a cara da TVI que confirmou a vacinação nas redes sociais.

"Tenho uma equipa que regista todos os eventos suspeitos, mas nunca tive um caso desta dimensão. É a primeira vez - consagra uma desobediência clara ao plano. Alguém com responsabilidade resolve vacinar pessoas que neste momento não estão elegíveis", referiu Gouveia e Melo. "Pedi à estrutura que retire as consequências que é preciso retirar. Tem de haver disciplina", disse o vice-almirante.

"Tentámos recolher dados, em duas, três horas recolhemos dados, e mal tivemos o mínimo de confirmação, fizemos uma participação ao nosso contacto com a Polícia Judiciária e à Inspeção-Geral de Atividades em Saúde e falei com o presidente da ARS Norte para que não voltasse a acontecer e se tirassem consequências, porque, para todos os efeitos, é um ato de indisciplina", afirmou Gouveia e Melo, coordenador da task force de vacinação, que se encontrava ontem na ilha de Porto Santo a acompanhar a vacinação. Logo a seguir, foi noticiado que, tratando-se de vacinação indevida, foi suspensa a diretora do agrupamento de centros de saúde do Porto Oriental. Em situações como estas, não podemos ser complacentes.

Entre as tristes notícias está uma outra, já ontem aqui referida neste espaço de editorial: as palavras de Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República. Depois de, no início da pandemia, ter dito que não queria "mascarados" no parlamento (rejeitando, portanto, o uso de máscaras como medida protetora anticovid), nesta semana incentivou os portugueses a irem massivamente a Sevilha para ver o jogo do Europeu, no domingo, em que Portugal defronta a Bélgica. Ferro Rodrigues desempenha um dos mais altos cargos da nação, lidera um órgão de soberania, é um histórico socialista e com experiência de governo e, como tal, não se entende como pode ter dito tal coisa, num país que figura agora entre os piores da Europa com novos casos de contágio de covid-19 e residindo numa cidade que volta a enfrentar um cerco neste fim de semana.

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