As alterações que deixaram Gonçalo e Batuta fora do Rio

Atleta surpreendeu em Londres e apontava às medalhas na disciplina de dressage, mas falhou apuramento e pensou em desistir.
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Fez história em Londres 2012, com o agora reformado Rubi, ao chegar à final do concurso de dressage e terminar em 16.º. Em 2016, com a égua Batuta, preparava-se para fazer melhor e atacar as medalhas, tal como disse ao DN no início do ano. Mas Gonçalo Carvalho não se apurou, afinal, para os Jogos Olímpicos. E hoje, quando começar o hipismo, vai ter "dificuldade" em olhar para a televisão.

"Fizemos uma boa época, estávamos muito bem classificados até ao último fim de semana da classificação (7 de março), mas infelizmente houve alguns países que organizaram uns CDI (Concurso Internacional de Dressage) com patrocinadores e juízes escolhidos por eles, e assim aumentaram em 10% a percentagem dos atletas desses países. Foi demasiado óbvio. Apresentámos queixa junto da Federação Equestre Internacional (FEI), mas no final de contas não conseguimos a ida aos Jogos", contou o atleta ao DN.

Gonçalo Carvalho não entende a forma como o apuramento foi feito e porque mudou em relação a Londres 2012: "Em vez de serem contabilizados os melhores oito resultados, foram apenas os melhores quatro que contabilizaram para o ranking mundial, o que significa que só com um fim de semana de prova os atletas se podiam classificar para o Rio 2016. Até aí tudo bem. Mas claro que organizando torneios perto do fim do prazo de qualificação para os Jogos, algumas duplas apareceram com percentagens que nunca tiveram e nunca mereceram. O facto é que foram eles que as fizeram e foram aos Jogos."

Depois do bom desempenho em Londres, em 2012, os portugueses e toda a comitiva em redor de Gonçalo e da Batuta tinham grandes expectativas para o Rio de Janeiro, este ano. Por isso, o cavaleiro não esconde a frustração e desilusão. "Isto é tudo muito recente. O primeiro choque foi quando acabou a última prova de qualificação (março) e vi que estava fora... foi um choque muito grande, fiquei superdesanimado, tive dias em que pensei deixar de competir porque achava que assim não valia a pena, queria desistir da competição", confessou, revelando que só animou "um pouco, quando soube que havia uma nova hipótese de ir ao Rio 2016, duas semanas antes do início dos Jogos".

Era o primeiro da reserva. Ou seja, se alguém desistisse ou fosse afastado, Gonçalo Carvalho e a sua Batuta iam aos JO. "Foi o morrer na praia, como se costuma dizer. Até ao dia 21 estávamos na expectativa da decisão do Comité Olímpico Internacional em relação aos atletas russos, porque na dressage também tivemos alguns problemas com os russos, mas o COI não tomou a decisão correta, na minha opinião, e deixou essa decisão para a federação internacional, que os manteve", contou o cavaleiro, que ainda pensou recorrer ao TAS, mas chegou à conclusão de que "estava a lutar contra um muro intransponível em tão pouco tempo".

Agora, passado o choque, a desilusão e a vontade de desistir, o atleta já pensa em reagir e dar continuidade ao que fez em Londres nos Jogos de Tóquio 2020: "A Batuta está num momento muito bom e foi pena a justiça não funcionar para poder exibir-se no Rio 2016, mas temos de pensar já no campeonato da Europa de dressage em 2017."

Sem presença olímpica em dressage, Portugal estará apenas representado em saltos de obstáculos, com Luciana Diniz (dia 14). Filha de Lica Diniz, campeã de dressage, e de Arnaldo Diniz, antigo jogador de polo, a atleta portuguesa de 45 anos nasceu em São Paulo e estreou-se em Atenas 2004, pelo Brasil. Depois, a neta de um emigrante transmontano naturalizou-se portuguesa e, já sob as cores nacionais, ficou em 17.º lugar em Londres 2012, com o cavalo Lennox.

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