Artur Anselmo: Portugal perdeu uma das inteligências mais fulgurantes
Óscar Lopes, falecido hoje aos 95 anos, foi "uma figura eminente da Cultura Portuguesa", disse à Lusa Artur Anselmo, presidente da secção de Letras da Academia de Ciências de Lisboa.
O historiador "desenvolveu uma atividade notabilíssima, nomeadamente na área da teoria da crítica literária", disse à Lusa Artur Anselmo.
"Como crítico salientou-se por uma capacidade enorme na apreensão dos valores textuais, que está expressa no título de uma das suas obras mais significativas, 'O modo de ler', e também em 'Ler e depois'".
O catedrático de Literatura salientou a "exemplar isenção ideológica" de Óscar Lopes.
"Sendo um homem de ideias próprias, sabia perfeitamente distinguir o que são ideias individuais e as que importa valorizar independentemente de visões de tipo ideológico", realçou.
Artur Anselmo afirmou que o contou entre os seus melhores amigos, e sublinhou a solidariedade de Óscar Lopes "quando era um jovem crítico literário" e assumiu a presidência do extinto Instituto Português do Livro da Leitura.
"Infelizmente, nunca o consegui convencer a ser académico, mas isso fazia parte da suas convicções profundas que se respeita sempre", rematou.
Óscar Lopes faleceu hoje na sua residência, no Porto, encontrando-se o seu corpo na Associação de Jornalistas e Homens de Letras, de onde o funeral sairá, no sábado, às 15:30, para o crematório de Matosinhos.
Óscar Lopes nasceu em Leça da Palmeira, Matosinhos, em 1917, foi professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, já com 60 anos, por razões políticas.
Com António José Saraiva, foi coautor da "História da Literatura Portuguesa" (1955), apontada como uma obra de referência.
A sua extensa bibliografia inclui dezenas de ensaios, estudos e críticas sobre literatura, linguística e cultura portuguesas.