Artistas contemporâneos reinventam a cartografia

Publicado a
Atualizado a

Encontro entre o universo da cartografia e a arte contemporânea numa homenagem aos artistas que nos últimos 40 anos se apropriaram da linguagem cartográfica, subvertendo-a, reinventando--a. É esta a proposta da exposição "Mappamundi", ontem inaugurada no Museu Colecção Berardo, em Lisboa, explica Guillaume Monsaingeon, curador da mostra, desmistificando qualquer ideia de que se trata de uma exposição sobre cartografia, "tal como nos lembramos dos tempos de escola".

E a pequena antecâmara da exposição, no piso O, materializa esta ideia. Três mapas criados por portugueses, lembrando que "a história da cartografia moderna nasce em Lisboa", surgem em confronto com uma obra da artista brasileira Adriana Varejão - Mapa de Lopo Homem II (2004).

Estruturada em quatro secções - Descodificar, Corporizar, Contestar e Sonhar -, a exposição reúne obras de 43 artistas, algumas criadas para esta mostra.

É o caso da pequena instalação do artista português Miguel Palma intitulada Bird View, que só se revela na plenitude na última sala da exposição quando se descobre a enorme fotografia aérea de Belém, que vai girando ao mesmo tempo que é filmada por cinco pequenas câmaras. E são as imagens dessas câmaras que são projectadas logo à entrada.

O mesmo acontece com Edelweiss, do irlandês Neal Beggs. Durante uma semana, o artista recriou na quarta sala um conjunto de cartas cartográficas que representam a Suíça. Cobertas por tin ta preta, o artista assinala com pontos brancos os diferentes cumes helvéticos, como que transformando o mapa terrestre num ma-pa astronómico. "Tal como quando observamos as estrelas à noite, aqui as pessoas podem ver e fazer o que quiserem", explica Beggs.

No lado oposto da sala, uma pequena câmara recria um mergulho nos oceanos. David Renaud refere que se inspirou nas salas dos mapas de edifícios renascentistas para criar este "convite à viagem" em que os visitantes são colocados no Pólo Sul, partindo daí pelos quatro oceanos. A exposição, com entrada gratuita, pode ser vista até 25 de Abril de 2011.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt