Artigo de opinião diz que direitos humanos estão em perigo em Portugal
Álvaro Domingos, que assina este artigo de opinião do "Jornal de Angola", escreve que "ninguém pode ficar indiferente ao sangue que na quarta-feira correu em Lisboa" e critica o facto de "as máfias organizadas da política à portuguesa ficaram em silêncio face à brutalidade policial".
O cronista refere-se especificamente a Mário Soares, que, diz, "não deu com a língua nos dentes nem escreveu um testamento sobre as violentas cargas policiais em frente à Assembleia Nacional, ruas limítrofes e Cais do Sodré", e a Francisco Louçã, que descreve como "o frade trapeiro da esquerda", e que "não entrou no parlamento aos gritos, exigindo uma condenação contra o Governo Português por ter violado gravemente os direitos humanos nas ruas de Lisboa, a decrépita capital imperial".
Álvaro Domingos critica a postura das estações de televisão e defende que "os portugueses um dia destes regressam ao tempo em que os polícias davam tiros para o ar e acertavam nas partes baixas dos manifestantes".
Considerando que "Angola tem sido, sobretudo nos últimos dez anos, o baluarte da democracia e da liberdade na comunidade de países que falam a língua portuguesa" e que "os direitos humanos estão em perigo em Portugal", o cronista defende que "os angolanos não podem ficar em silêncio", visto tratarem-se de países da CPLP.
"Num momento em que surgem visíveis sinais de violência sobre cidadãos indefesos, temos de cerrar fileiras e exigir que Portugal respeite os direitos humanos", defende, sugerindo logo de seguida que "a polícia portuguesa devia vir a Luanda fazer uma formação com a nossa Política de Intervenção Rápida".
Voltando a criticar as máfias "que fingem que não percebem o que aconteceu, o cronista do Jornal de Angola, conclui que "em Lisboa aconteceu um verdadeiro massacre sobre manifestantes indignados".
No dia 12, o Jornal de Angola publicou um editorial em que criticava a existência do que dizia ser uma "campanha contra Angola", que estaria a ser desenvolvida em Portugal "ao mais alto nível". Um artigo que surgiu depois da publicação pelo Expresso de uma notícia que dava conta da abertura, pela Procuradoria-Geral da República, de uma investigação, ainda sem arguidos, por indícios de fraude fiscal e branqueamento de capitais, a Manuel Vicente, vice-presidente de Angola, ao general Hélder Vieira Dias "Kopelipa", ministro de Estado e ao general Leopoldino Nascimento "Dino", consultor do ministro de Estado.
Um caso que levou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, a afirmar que o "Governo português fará tudo o que está ao seu alcance para melhorar ainda mais as relações com Angola e não deixar que nada as prejudique".