Não estava previsto que passasse por Portugal, mas graças a uma visita do ministro da Cultura do Irão ao Museu Calouste Gulbenkian e de uma conversa informal sobre a exposição - que estava nessa altura a terminar a sua itinerância pela Europa, depois de cinco anos a percorrer o mundo e de ter sido vista por mais de um milhão de pessoas -, Lisboa passou, assim, a ser a última cidade a receber 7000 Anos de Arte Persa. Obras-Primas do Museu do Irão. A mostra reúne 178 objectos e é inaugurada amanhã, na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Gulbenkian, onde pode ser vista até 5 de Junho..Foi a primeira vez, desde a Revolução Islâmica de 1979, que estas obras sairam do Museu Nacional e do Museu Rezza Abassi para uma longa itinerância internacional. A ideia partiu do Kunsthistorisches Museum de Viena, que em 1997 pediu ao Irão para fazer esta exposição. Aceite o desafio, começaram a preparar-se os objectos considerados mais interessantes, para, no ano 2000, serem apresentados na Áustria. Seguiram-se, mais tarde, museus da Alemanha, Bélgica, Espanha e Croácia..oportunidade. Organizada com a colaboração de numerosos especialistas e com o apoio do vice-presidente da República Islâmica do Irão e do director do Museu Nacional (que permitiram a cedência do valioso conjunto de obras de arte por tão longo período), esta iniciativa permite, ainda, uma articulação com as peças da colecção do Museu Gulbenkian, que possui arte persa do tempo do islamismo..O facto de a exposição "ter muita qualidade e um grande rigor científico" despertou o interesse da Gulbenkian para receber 7000 Anos de Arte Persa, como explicou ao DN João Castel-Branco Pereira, director do museu desta instituição. Segundo este responsável, na decisão de alargar a itinerância a Lisboa pesou também o acervo de arte persa da própria Gulbenkian, que possui várias peças do tempo do islamismo (ou seja, arte persa islâmica). .Enquanto região de passagem onde se misturaram culturas, o Irão é um país muito rico historicamente. E as influências tidas, durante milénios, pelas culturas egípcia, grega e mesopotâmica estão bem patentes nestas peças. "Foi uma oportunidade para mostrar em Portugal qualquer coisa que é efectivamente desconhecida", referiu João Castel-Branco Pereira. .fascínio. A antiga Pérsia, designada por Irão desde 1935, sofreu, ao longo dos anos, imensas transformações e influências. A sua história é bastante rica mas, para muitos, continua a ser um mistério que conduz facilmente a más interpretações. O público ocidental tem tendência a identificar a cultura iraniana com o mundo islâmico e, desta forma, esquece por completo a sua herança milenar, desde as transformações ocorridas no Neolítico até às dinastias Aqueménida, Selêucida, Arsácida e Sassânida..7000 Anos de Arte Persa. Obras- -Primas do Museu do Irão é, deste modo, um testemunho único do passado do Irão, que procura mostrar a história desta civilização através de 178 objectos. . A exposição estará aberta ao público de terça a domingo, entre as 10.00 e as 18.00, no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa. A partir de dia 13 realizam-se visitas orientadas, de inscrição gratuita às quartas e sextas-feiras (pelas 15.00), e nos domingos 17 de Abril e 29 de Maio ( às 11.00).