Arsenal do Alfeite soma prejuízos de 4,9 milhões
Os números constam do último relatório e contas, consultado hoje pela agência Lusa, e significam que os estaleiros públicos responsáveis pela reparação e manutenção dos navios da Marinha portuguesa registaram gastos operacionais de 21,1 milhões de euros para proveitos que rondaram os 15,9 milhões.
O aumento de 18% nos proveitos, quando comparado com 2012, é justificado pela administração, neste relatório, com o "incremento dos serviços de reparação naval prestado ao principal cliente - Marinha Portuguesa".
As contas refletem um resultado líquido negativo de 4,890 milhões de euros, que compara com os prejuízos de 5,4 milhões de euros em 2012 e de 2,2 milhões de euros em 2011.
Apesar deste novo prejuízo, consecutivo, a administração garante que o AA "mantém as capacidades para oferecer no futuro e no mercado global um conjunto de competências que necessariamente se traduzirão num retorno muito superior ao custo acumulado de manutenção" das suas "capacidades técnicas".
A empresa terminou o ano com 561 trabalhadores, uma redução de 36 efetivos quando comparado com o final de 2012, explicada pela administração com "uma política de admissões restritiva" e com o "número de saídas voluntárias [41] registadas".
Os encargos com o pessoal, incluídos nos gastos operacionais, ascenderam neste período a 14,6 milhões de euros.
Entre as reparações e trabalhos de manutenção realizados em 2013 contam-se as intervenções nos navios-patrulha "Cuanza" e "Zaire", bem como na corveta "António Enes". Ainda a reparação dos motores do submarino Tridente ou a docagem do Navio Oceanográfico "Gago Coutinho", todos da Marinha portuguesa, além de outros do setor comercial.
A empresa pública, integralmente controlada pela holding pública das indústrias de Defesa Empordef, realizou ainda a docagem da fragata "Hassan II", da Marinha Real de Marrocos, o primeiro navio combatente estrangeiro ali intervencionado.
"A administração formula votos de grande sucesso para a aproximação que se tem vindo a realizar com a Marinha Real de Marrocos", lê-se no relatório, numa alusão aos três navios daquela força naval que já passaram pelo Alfeite desde 2012 e à "prioridade" que a empresa pretende dar a esta componente de "internacionalização".
A "interdependência" com aquela marinha, perspetivando a chegada de mais dois navios marroquinos para reparar em 2014, "poderá significar a viragem estratégica para a sua [AA] estabilidade e dessa forma assegurar e eficiência necessária à prossecução do seu objeto contratual", enfatiza a administração.
O conselho de administração do AA é liderado desde 23 de março de 2012 por Jorge Camões, que partilha as mesmas funções nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, outra das empresas do ramo que integra a Empordef, neste caso em fase de liquidação.
O AA tem vindo a depender nos últimos anos em quase 90% das encomendas de reparação e manutenção programada feitas pela Marinha portuguesa.