Arquivo de Siza Vieira mostra-se em junho em Serralves

Projetos da faculdade de Arquitetura do Porto e do Museu de Serralves são dos mais consultados
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Pela primeira vez, será conhecido, de 19 de junho a 18 de setembro, o arquivo profissional do arquiteto Siza Vieira, recém integrado no acervo da Fundação de Serralves. Na mostra Álvaro Siza: o caminho das ideias ou um arquivo, que foi anunciada ontem, durante a apresentação da programação de Serralves para 2016, serão revelados desenhos, maquetas, cartas e atas de reuniões relacionadas com 40 obras icónicas do premiado arquiteto. Entre elas, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves e a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.

Esta é uma das novidades da programação da fundação, que espera receber no outono os quadros de Joan Miró, provenientes do antigo BPN. Serralves tem para este ano um programa "ambicioso de exposições dedicadas a artistas individuais e tendências artísticas desde a década de 1960 até ao presente", como qualificou a diretora do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Suzanne Cotter. Serão mais de 500 eventos no museu, na casa e no parque de Serralves. "E mais de um evento por dia", acrescentou Ana Pinho, presidente da administração da Fundação de Serralves. Só em 2015, a Fundação recebeu mais de 520 mil visitantes.

"Uso incessante do desenho"

O espólio de Siza Vieira que se vai apresentar em Serralves inclui os projetos do Museu de Arte Contemporânea de Serralves e, mais recente, o restauro da Casa de Serralves. Mas não só. Também os da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, o edifício da Administração dos Portos do Douro e Leixões, em Leça da Palmeira ou a estação de S. Bento, do Metro do Porto se vão revelar. Entre muitos outros.

Para a presidente do Conselho de Administração da Fundação Serralves, a exposição do Pritzker Siza Vieira será "outro momento emblemático da programação ao revelar, pela primeira vez, o recentemente incorporado arquivo do arquiteto", com projetos de mais de seis décadas. O que resulta da doação de Siza Vieira, em julho de 2015, de parte do seu arquivo (40 projetos) a Serralves. O Canadian Centre for Architecture (CCA), de Montréal, e a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa também acolheram o arquivo do arquiteto.

Na assinatura da escritura, Siza Vieira sublinhou que vão estar em Serralves os dois projetos "mais representativos e procurados em termos de consultas" no Porto, que são o do museu de Serralves e o da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.

A mostra, comissariada por André Tavares, revela "o uso incessante do desenho como instrumento de trabalho privilegiado". Contém a correspondência com os clientes, "o registo fotográfico dos lugares expectantes pelas obras, as relações com entidades reguladoras e os pareceres dos atores intervenientes nos processos de construção. No fundo, pretende-se "partilhar e redescobrir o valor inestimável do trabalho de Siza Vieira".

Miró em estudo

As polémicas obras do artista catalão Joan Miró, provenientes do antigo BPN, deverão estar "em princípio" este outono, patentes ao público, na Casa de Serralves, depois da proposta lançada, em dezembro, pelo ministro da Cultura, João Soares. A garantia foi dada pela presidente do Conselho de Administração da Fundação Serralves. Ainda assim, salvaguardou Ana Pinho: "Vamos tentar. Neste momento, estamos a conversar para ver se é possível concretizar ou não" a primeira exposição pública do acervo de Miró.

Suzanne Cotter destacou a primeira mostra, em Portugal, do fotógrafo Wolfgang Tillmans, além de uma das mais importantes coleções de arte da segunda metade do século XX: The Sonnabend Collection. Já o diretor do Parque, João Almeida, realçou a conferência internacional Exposições Internacionais - Entre o Jardim e a Paisagem Urbana: do Palácio de Cristal do Porto (1865) à exposição de Paris (1937). Além da terceira edição do Blioblitz - a inventariação dos seres vivos -, Há luz no Parque.

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