Arquivada classificação da panificadora de Nadir Afonso em Vila Real
A decisão da DGPC foi publicada hoje, em Diário da República, e o anúncio informa ainda que o imóvel "deixa de estar em vias de classificação, deixando igualmente de ter uma zona de proteção de 50 metros a contar dos seus limites externos".
O procedimento de classificação foi aberto a 11 de abril de 2017 pela DGPC, depois de denúncias de alegadas demolições parciais na fachada e cobertura do já muito degradado edifício Nadir Afonso.
O processo já se encontrava em análise na Secção de Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura, mas, devido às denúncias de destruição do edifício, a diretora-geral do Património Cultural, Paula Silva, decidiu pela abertura do procedimento de classificação para impedir danos continuados no imóvel.
De acordo com o anúncio publicado hoje no DR, a decisão de arquivamento poderá ser alvo de uma reclamação ou recurso hierárquico, sem prejuízo, no entanto, da possibilidade de impugnação contenciosa.
As demolições denunciadas estiveram envolvidas em algum mistério, já que nunca se chegou a apurar quem foi o responsável. Na altura, o proprietário do edifício disse à agência Lusa ser "alheio a qualquer demolição no espaço" e a Câmara de Vila Real referiu não ter recebido qualquer pedido de licenciamento municipal, necessário para a intervenção.
No ano passado, foi também lançada a petição 'online' "Vamos salvar o edifício da Panreal -- projeto Nadir Afonso", dirigida ao presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, e que, até hoje, foi subscrita por 800 pessoas.
O texto da petição defendia a preservação da panificadora "como exemplo, não só, do génio de um grande artista, de um tipo de arquitetura de época mas também como visão de espaço de trabalho de uma profissão que vai desaparecendo".
"O seu estado de destruição não é ainda irreversível mas não se deve esperar pelo longo processo de classificação, por parte das autoridades competentes, mas sim atuar imediatamente e fazer com que sejam abandonados quaisquer projetos que incluíam a sua demolição e transformação ou alteração do essencial da estrutura", acrescentava ainda o texto.
A petição defendia o aproveitamento do edifício e da fachada original para usufruto da população, como, por exemplo, um café, padaria tradicional com decoração alusiva ao arquiteto e pintor.
"A salvaguarda do património cultural tem que ser um imperativo do município, numa visão de preservação da memória material e no reconhecimento das características de todos os momentos da história da cidade", referia ainda a petição.