O ministro das Cidades garantiu ontem que nenhum projecto comunitário deixará de ser executado por falta de comparticipação nacional. José Luis Arnaut, após «picar» Miguel Cadilhe, o presidente da Agência Portuguesa de Investimento (ver também pág. 8), acabou mesmo por ouvir um inesperado remoque da bancada centrista, protagonizado pelo deputado Miguel Paiva. .A história conta-se em poucas linhas. No seu discurso de apresentação das grandes linhas do PIDDAC - o plano de investimentos públicos a vigorar em 2005 - o ministro das Cidades deu conta de um «forte aumento» das verbas em investimento de 14%, correspondendo a 865 milhões de euros, mas ignorou o aumento das cativações iniciais de 15 para 21,4%, decididos pelo seu colega Bagão Félix, titular da pasta das Finanças. Também não referiu números sobre o crescimento real dos investimentos comparticipados pelo Estado, preferindo destacar o investimento das regiões do interior..Quem, em primeiro lugar, não deixou passar a «falha» das cativações no discurso ministerial, foi Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda. Entrou na liça parlamentar e chamou à atenção do plenário «para o facto» de mais de um terço do PIDDAC corresponder a despesas de funcionamento - com destino a pagamentos de salário - e a cativações. Ou seja, concluiu Francisco Louçã, cerca de 30% das dotações do PIDDAC, passam ao lado do puro investimento público..A surpresa surgiu da bancada centrista. Miguel Paiva , deputado do CDS/PP, «desmontou» o discurso oficial, sustentado na intervenção do ministro José Luís Arnaut e baseado no crescimento de 14% das verbas do Plano, para concluir que «o crescimento real do Plano é, afinal, apenas de 5,9%». Miguel Paiva, contabilizou o efeito das cativações e da inflação, no montante total. O deputado centrista chegou mesmo a proceder a comparações sobre o crescimento da economia - previsto em 2,4% para 2005 - com o escasso contributo dado pelo acréscimo de investimentos em relação às dotações de 2004..Na resposta, Arnaut optou por não alimentar a polémica com o parlamentar do CDS/PP, preferindo destacar o efeito de um acréscimo de 865 milhões de euros sobre o crescimento da economia. O ministro das Cidades afirma que o PIDDAC de 2005 contribuirá com 0,5% para o crescimento do PIB, referindo que o investimento público total acaba mesmo por ultrapassar as verbas inscritas no Plano..Rodeia Machado, do PCP, acusou o Governo de manter «um saco azul de 50 milhões de euros» e de não cumprir com a Lei das Finanças Locais. Em resposta, José Luís Arnaut, afirmou que os autarcas comunistas são os mais beneficiados pelo investimento.