A militarização do espaço que está a ser desenvolvida pelos EUA, mergulhados numa gigantesca crise financeira, está a suscitar crescentes interrogações no Capitólio e entre a comunidade internacional..Giuseppe Anzera, analista do Power and Interest News Report (PINR), sustenta que essa política "pode gerar mais problemas do que vantagens para Washington". Depois de lembrar que os EUA se retiraram em 2002 do Tratado de Mísseis Antibalísticos, e em Abril lançaram um microssatélite orbital XSS-11 (criado para afectar redes de satélites militares e de comunicações), o académico da Universidade de Roma considera que a estratégia do Pentágono "pode conduzir a uma nova corrida arma- mentista".. Anzera aborda a questão nos planos político, económico e estratégico. No primeiro caso, "é fácil de imaginar que a militarização do espaço - uma vez em prática - possa ser feita pelos EUA e pelos rivais em qualquer altura, se estes desenvolverem laços estratégicos mútuos como os que a China e a Rússia estão a [tecer] na Ásia Central"..Em termos económicos, o PINR levanta duas questões se "Washington necessita de financiar projectos caríssimos no actual contexto geostratégico" e se "a efectiva capacidade operacional" dessas armas justificará os custos reais da sua produção e manutenção..Em termos estratégicos, "as implicações da militarização do espaço são enormes e as suas consequências imprevisíveis", desde logo porque outras potências poderão fazer o mesmo "a longo prazo". A comunidade internacional também poderá considerar que o uso de bombas com poder equivalente ao das nucleares corresponderá, na prática, à utilização de armas atómicas, levando a uma mudança "na percepção" de serem apenas defensivas, assinala Anzera..A nível do Congresso e do Senado, os seus membros estão a questionar os custos galopantes desses programas espaciais no quadro do orçamento para 2006..Segundo o Washington Post, o novo chefe da espionagem americana está a rever dois programas de satélites-espiões cujos custos - ainda na fase de desenvolvimento - dispararam astronomicamente (dezenas de milhares de milhões de dólares) face ao previsto. Um dos projectos em análise por John Negroponte, que enviará as suas conclusões ao Capitólio no próximo mês, já esteve para ser "morto" pela comissão de intelligence do Senado.