Arguido confessa sexo com rapazes
Pedro Inverno, o principal arguido no denominado caso do Parque, assumiu ontem, no Tribunal da Boa Hora, as suas responsabilidades relativamente ao processo em que é acusado de crimes de abuso sexual de menores, no Parque Eduardo VII, em Lisboa.
À saída da sessão, que decorreu à porta fechada, o seu advogado de defesa, João Nabais, salientou aos jornalistas que Pedro Inverno "assumiu as suas responsabilidades, mas não toda a acusação".
Sem especificar concretamente o que o arguido declarou em tribunal, o causídico referiu que Pedro Inverno "assume a sua homossexualidade, disse que frequentava o Parque Eduardo VII e mantinha relações com rapazes".
Desta sessão, que foi completamente ocupada com a audição de Pedro Inverno, João Nabais destacou que o seu constituinte relatou ter recorrido a "acompanhamento médico, porque teve a consciência de estar a seguir um caminho de degradação, prejudicial para ele próprio e para os rapazes".
Segundo o advogado, "ele assume que está perante um desvio patológico e procura acompanhamento médico. Desde Janeiro de 2004 - ainda antes deste processo que levou à sua detenção, em Abril de 2004 - que toma medicação para combater o seu estado depressivo e um inibidor ao nível das práticas homossexuais". Adiantou que o arguido "sofreu uma grande depressão com a morte do pai, sentia-se muito só e procurava a companhia dos rapazes do parque".
Pedro Inverno, o único dos 11 arguidos neste processo que se encontra em prisão preventiva, é acusado de 131 crimes de abuso sexual de crianças, 51 de actos homossexuais com adolescentes, um de abuso sexual de menores, quatro de posse ilegal de arma e dois de peculato de uso indevido de viaturas da Câmara de Odivelas, onde foi assessor do vereador do Desporto.
O arguido foi membro da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Odivelas e sócio da escola de futebol de Fernando Chalana.