Áreas protegidas vão ter com novo modelo de gestão

O Governo vai apresentar um novo modelo de gestão das áreas protegidas, associando proteção da biodiversidade e desenvolvimento económico das regiões, e a marca natural.pt, com uma rede de destinos, disse hoje um responsável governamental.
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"Acreditamos que o facto de desenvolvermos qualquer atividade numa área protegida não é um ónus ou uma restrição, mas sim algo que potencia o retorno que essa atividade pode dar, quer para quem a pratica, quer para a sociedade em geral e para o país", disse hoje à agência Lusa o secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza.

Miguel de Castro Neto falava à margem do colóquio "Biodiversidade em Portugal - presente e futuro" que decorre em Lisboa, organizada pela Liga de Proteção da Natureza (LPN).

No seu discurso, o responsável do Ministério liderado por Jorge Moreira da Silva avançou que "o Governo apresentará um novo modelo de gestão das áreas protegidas, que associe a proteção da biodiversidade com o desenvolvimento económico das regiões".

Portugal tem um importante património natural, com recursos endógenos que "importa valorizar e proteger, mas ao mesmo tempo que se constituam como alavancas do desenvolvimento económico sustentável local" capaz de resistir aos ciclos económicos, defendeu o secretário de Estado, em declarações à Lusa.

"Temos vindo a desenvolver uma estratégia para a conservação da natureza e biodiversidade que está numa fase final de produção e será apresentada muito brevemente e gira em torno de uma marca a "natural.pt"", explicou Miguel de Castro Neto.

A estratégia estará alinhada com o novo Quadro Comunitário de Apoio para "a disponibilização de mecanismos financeiros de apoio do investimento público e privado em torno das áreas protegidas e de todas as atividades económicas que se desenvolvem", como turismo de natureza, visitação, interpretação da natureza, mas também atividades agrícolas, artesanato, cultura e gastronomia.

O governante realçou que a estratégia tem sido feita "de uma forma colaborativa e participada", envolvendo os parceiros locais, de empresas, a associações, municípios, turismo ou Instituto de Conservação da Natureza e Florestas.

"Estarão consignadas verbas para que seja possível, não só para o Estado investir no que tem vertente pública de conservação e gestão dos espaços, mas também mecanismos financeiros que alavanquem investimento de empresas privadas no usufruto destes espaços", acrescentou Miguel de castro Neto.

O Governo pretende criar uma plataforma integrada que coloque a informação em rede, acessível a todos os agentes relacionados com as áreas protegidas, mas também à sociedade em geral.

Durante o colóquio, o investigador do Centro de Biologia Ambiental, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Jorge Palmeirim, listou os problemas mais graves da biodiversidade em Portugal: o abandono rural, a ameaça das espécies exóticas, a Rede Natura "incompleta", a "insuficiente gestão" das áreas naturais e o plano nacional de barragens.

Do lado positivo, apontou a conservação conseguida em Castro Verde, através de um projeto da LPN, que defende algumas espécies ameaçadas e teve a colaboração dos agricultores da região, e a evolução de alguns grupos de aves de rapina.

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