ArcoLisboa vai ser uma "feira boutique"
Depois de quase 40 anos de experiência na organização da Arco - Feira Internacional de Arte Contemporânea de Madrid, a Ifema decidiu organizar uma feira fora de Espanha e vai fazê-lo em Portugal: a primeira edição da ArcoLisboa vai realizar-se de 26 a 29 de maio na Fábrica Nacional da Cordoaria e as expectativas são altas. "É a primeira vez que Portugal vai ter um evento desta natureza organizado por uma entidade com créditos firmados neste tipo de eventos", comenta o galerista Pedro Cera, que nos últimos seis anos tem sido o representante das galerias portuguesas na feira de Madrid.
Já houve outras feiras de arte em Lisboa, nomeadamente a Arte Lisboa, organizada durante vários anos pela FIL, e a East Art Fair, que se realizou no ano passado no Estoril, dirigida por Luís Mergulhão. Mas a Arco trará para Lisboa não só o seu enorme know-how como também uma marca de confiança. E com isso, espera-se, os colecionadores estrangeiros, essenciais para fazer que esta feira atinja um patamar superior ao das suas antecessoras. "Portugal, um dos aliados históricos da Arco, foi considerado neste novo projeto da Ifema como um dos focos culturais mais atrativos e um mercado de crescente dinamismo, merecedor de um evento artístico relevante e estável dentro do circuito das feiras de arte contemporânea", explicou a organização num comunicado em novembro passado.
A ArcoLisboa terá 40 a 45 galerias, que serão selecionadas por um comité composto por representantes de duas galerias nacionais - a Cristina Guerra e a Galeria Múrias Centeno - e três estrangeiras - Juana de Aizpuru (Madrid), Jaqueline Martins (São Paulo) e Giorgio Persano (Turim). Um número relativamente baixo mas adequado a uma primeira edição. "Será uma feira pequena mas com os mesmos critérios de qualidade e seriedade" da ArcoMadrid, explicou Luís Eduardo Cortés, o presidente do comité executivo da Ifema. A primeira edição "vai servir para identificar eventuais erros - que sempre surgem nas estreias" que serão depois corrigidos.
Além disso, há questões de limitação do espaço. "Essa foi uma das premissas estabelecidas pela Arco: queria fazer a feira num edifício com charme e que ficasse num bom sítio da cidade", explica Pedro Cera. Será, portanto, aquilo a que os galeristas chamam de "feira boutique, ou seja, uma feira de uma dimensão reduzida, em que normalmente se consegue ter um contacto muito próximo com o visitante, os colecionadores internacionais gravitam à volta das galerias que estão instaladas na cidade, tudo acontece com um grau de proximidade muito grande".
Será em Belém, a feira adequada ao momento que se vive atualmente em Lisboa, que é cada vez mais um destino de turismo gourmet e também o local escolhido como segunda residência por estrangeiros. "As perspetivas para 2016 são excelentes. As galerias estão num processo de recuperação de mercado em Portugal, depois de anos terríveis", acredita Pedro Cera.
Em Madrid é bastante diferente. Trata-se de uma feira muito grande e tem outros objetivos. Por isso, este galerista não crê que, mesmo que a ArcoLisboa tenha enorme sucesso e garanta edições futuras, as galerias portuguesas deixem de ir a Madrid. No próximo ano, a ArcoMadrid vai realizar-se entre 24 e 28 de fevereiro.