Árbitro castigado por falar de mais
Arbitragem. Pedro Henriques foi alvo de processo disciplinar por ter opinado, mas só foi repreendido
Oficialmente, o árbitro do Benfica-Nacional só está na 'jarra'
Fez esta quinta-feira um mês que Pedro Henriques arbitrou o seu último jogo, o polémico Benfica-Nacional, para a principal Liga de futebol. Se for nomeado para a próxima jornada (voltou a ficar de fora da que ontem se iniciou no Funchal) completará perto de 40 dias de castigo, o dobro que a Comissão de Arbitragem (CA) costuma aplicar aos árbitros que cometem erros grosseiros e ficam na "jarra". Mas sabe o DN sport que esta ausência nas nomeações da CA não se deve exclusivamente à sua exibição, mas ao facto de ter "falado de mais", não cumprindo o regulamento interno. Este proíbe o árbitro de opinar sobre lances do jogo em que interveio.
Na altura, depois do encontro, Pedro Henriques revelou para vários órgão da comunicação social a sua interpretação do lance que antecedeu o golo que o Benfica reclama não ter sido validado. Vítor Pereira, presidente da CA, não gostou da atitude do juiz lisboeta e instaurou-lhe um processo disciplinar. Pedro Henriques foi chamado à Liga e de lá saiu com uma repreensão agravada (um género de cartão amarelo).
Esta medida não tem consequências práticas imediatas, fica apenas registado. Contudo, se o árbitro for reincidente, aí sim, será suspenso por algumas jornadas e penalizado na nota que determina a classificação dos árbitros no final da época, da qual dependem as descidas e subidas de categoria.
Oficialmente, não existiu castigo para Pedro Henriques. Como se o facto de não ter sido nomeado desde a 12.ª jornada fosse apenas uma estada mais longa na "jarra", por ter errado quando assinalou falta ao benfiquista Miguel Vítor quando este, deitado no chão, viu a bola bater-lhe no braço e ir na direcção de Cardozo, que marcou um golo.
É certo que o campeonato esteve parado nas mini-férias natalícias, e na semana passada voltou a descansar para dar lugar a Taça da Liga, o que faz com que o mês de ausência nos relvados correspondam a três jornadas do campeonato. Mas, por exemplo, Bruno Paixão, que dirigiu o Sporting-FC Porto, da Taça de Portugal, o jogo mais polémico da presente temporada e que acabou com queixas dos dois clubes, esteve duas jornadas de castigo.
A grande diferença é que o setubalense Bruno Paixão não se pronunciou em relação ao jogo, não violou o artigo 10 do Regulamento de Arbitragem, nem teve um processo disciplinar.
Ontem à noite, Pedro Henriques participou num colóquio sobre futebol, organizado por estudantes, na Figueira da Foz. E, claro, que não voltou a falar dos lances do Benfica-Nacional. O árbitro, militar de profissão, está avisado que se voltar a cometer o mesmo erro ficará sem apitar, possivelmente, até ao final da temporada.