Aqui contigo
Chama-se Aqui Contigo e contribui para o bem-estar de doentes terminais e da sua família através da música, ficando com eles até ao fim. Há histórias comoventes de doentes que cantam ou até tocam com os músicos. Trata-se de um projeto de inovação social gerido pelo mesmo grupo, a Sociedade Artística e Musical dos Pousos, que em Leiria também desenvolveu a Ópera na Prisão para reclusos, que já cantaram a ópera Così Fan Tutte, de Mozart, na Fundação Calouste Gulbenkian.
Este é apenas um dos 694 projetos de inovação social já aprovados em Portugal, promovidos por 477 organizações, e não foi o único que nos deixou impressionados na visita que na semana passada fizeram ao Parlamento Europeu a meu convite. O Speak, por exemplo, é um projeto que ensina línguas para apoiar migrantes e refugiados. Procura garantir ao recém-chegado uma rede de suporte informal na cidade para onde vem viver. Começou em Portugal, onde está presente em 12 cidades, e expandiu-se já para mais 11 países como a Alemanha, o Bangladesh, Itália, Nigéria ou o Reino Unido. E há mais, como o Just a Change, para recuperar a casa de pessoas que vivem em más condições através de voluntariado, a Pista Mágica para formar voluntários, o Avós (z) do Judo, para ajudar os idosos a saber cair sem se lesionarem, a Rádio Miúdos, para ensinar crianças a comunicar, entre muitos outros que gostava de referir.
Em todos estes projetos há uma preocupação comum: a de usar a criatividade e a imaginação, arriscando investir tempo e dinheiro para resolver problemas sociais. O objetivo é desenvolver respostas, não para substituir as tradicionais já consolidadas, como por exemplo o complemento solidário para idosos, mas para as complementar ou para testar respostas para problemas novos, como é o caso da inclusão digital (o projeto Code for All). Se bem-sucedidas, poderão gerar novas políticas públicas.
Todo este ecossistema, que compreende também investidores sociais (são já 843, entre 166 municípios, todas as principais Fundações, mais de 480 empresas e fundos de investimento), tem sido apoiado pela Portugal Inovação Social, com uma equipa muito dedicada e profundamente imbuída de um espírito de missão, e por fundos europeus.
Foi uma iniciativa pioneira do Fundo Social Europeu, que se iniciou em 2014 e tem crescido desde então, tornando-se hoje um exemplo a nível europeu, como tivemos oportunidade de verificar no seminário que decorreu no Parlamento por ocasião da sua visita. Para além dos projetos que apoia, das parcerias que promove, do investimento que ajuda a captar, há ainda as 30 incubadoras sociais e de inovação social já a funcionar.
Sabíamos já que era preciso estimular a inovação social, por exemplo para prevenir os impactos negativos que possam decorrer das transições climática e digital, mas depois destas duas crises, qualquer delas com impactos sociais tão graves, esse desafio tornou-se ainda mais urgente.
Aqui, em Bruxelas, com todos estes inovadores, sem esquecer os que ficaram em Portugal, tivemos oportunidade de sentir como os fundos europeus, pelos quais tanto nos batemos, servem para estimular essa inovação, dando a oportunidade aos empreendedores sociais de transformar as suas ideias em realidade e melhorando a nossa vida em diferentes circunstâncias e idades.
Eurodeputada