Aquecimento global fará perder milhões de horas de trabalho, alerta organização do trabalho

Lisboa, 02 jul 2019 (Lusa) - O aquecimento global pode provocar perdas de produtividade equivalentes a 80 milhões de empregos, com a agricultura especialmente vulnerável, alertou hoje a Organização Internacional do Trabalho.
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O 'stress' térmico verifica-se a partir dos 35 graus centígrados e é agravado por humidade alta, quando o calor afeta as funções corporais e capacidades, portanto a produtividade de um trabalhador,

No setor agrícola, em que trabalham 940 milhões de pessoas, poderão registar-se em 2030 perdas de 60% das horas de trabalho porque está demasiado calor para trabalhar, indica a OIT num estudo publicado hoje, dedicado às consequências de "trabalhar num planeta mais quente".

Um caso de exaustão por excesso de calor é considerado quando a temperatura corporal ultrapassa os 39 graus e pode ser fatal.

Os trabalhos com mais esforço físico ou no exterior são mais arriscados, tal como agricultura, construção, recolha de resíduos, transportes ou serviços ambientais.

Baseando-se no cenário de aumento da temperatura global em 1,5 graus até ao fim do século e nas tendências do mercado de trabalho, em 20130 perder-se-ão 2,2% das horas trabalhadas, o que equivale a uma perda de produtividade de 80 milhões de empregos a tempo inteiro, aponta a OIT, que considera esta uma previsão conservadora.

Com esta previsão, pode haver perdas no Produto Interno Bruto global, de 2,4 biliões de dólares.

"Se o aquecimento global persistir para além de 2030, esperam-se temperaturas ainda maiores, que diminuirão ainda mais a produtividade laboral", refere a organização.

As preocupações da OIT centram-se também nas cidades, onde a densidade populacional e os níveis de urbanização criam "ilhas de calor urbanas", que agravam as consequências das ondas de calor e agravam os riscos para os trabalhadores.

"Além dos enormes custos económicos que provoca o stresse térmico, espera-se um aumento da disparidade entre os países de baixo nível de rendimento e os países de maior rendimento, uma redução das condições de trabalho das pessoas mais vulneráveis, e a deslocação de populações", afirmou Catherine Saget, do departamento de investigação da OIT.

Governos, patrões e trabalhadores têm que "adotar medidas urgentes que reforcem a proteção das pessoas mais vulneráveis", afirma a OIT.

São precisos métodos de trabalho diferentes consoante se tratem de ambientes fechados ou ao ar livre, adaptação de horários de trabalho, códigos de vestuário e gestão de pausas no repensar do trabalho, acrescenta.

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