Aprender juntos, crescer juntos - a Alemanha investe em escolas parceiras
Em retrospetiva, pode ser considerado visionário o que Frank-Walter Steinmeier - o atual Presidente Federal e, à data, Ministro Federal das Relações Externas - lançou em 2008 com a iniciativa de escolas parceiras PASCH: atrair jovens como parceiros para o futuro e despertar um interesse duradouro e vivo pela Alemanha, a sua sociedade e os seus valores, mediante o ensino da língua e da cultura alemã - era essa a ambiciosa ideia. O resultado é impressionante: graças à PASCH há, numa rede de língua alemã que funciona a nível mundial, aproximadamente 600.000 alunos que aprendem alemão em cerca de 2.000 escolas e 120 países, inclusive em Portugal. Juntamente com numerosos estudantes, constituem uma comunidade internacional educativa e de aprendizagem com mais de 15 milhões de pessoas que aprendem alemão como língua estrangeira em todo o mundo. Financiada por verbas do Ministério Federal das Relações Externas, que ascendem, até à data, a quase 415 milhões de euros, a rede PASCH inclui parcerias com escolas, o aconselhamento e o apoio às escolas em termos de material e pessoal, intercâmbios e bolsas para alunos, bem como programas de estágio e outras oportunidades de qualificação para docentes. Atualmente a iniciativa "Escolas: parcerias para o futuro" celebra o seu décimo aniversário. Trata-se, assim, de um dos programas mais importantes e bemsucedidos da política cultural e educativa externa alemã. Por ocasião do décimo aniversário da PASCH, o Ministro Federal das Relações Externas, Heiko Maas, salientou: "A iniciativa das escolas parceiras é um projeto espantoso. Ajuda os jovens a adquirir uma nova visão do mundo e estabelecer redes internacionais". Os docentes e os alunos são incentivados a trocar ideias abertamente e a trabalhar em parceria, desenvolvendo novas perspetivas conjuntas, por exemplo, através do jornal escolar global online da rede.
Os centros nevrálgicos desta rede são as escolas alemãs no estrangeiro, que são excecionais na criação de pontes entre a Alemanha e os seus países parceiros. As escolas alemãs do Porto e de Lisboa, nomeadamente, não servem apenas para educar o espírito, o corpo e o caráter - idealmente, os seus alunos acabam por ter um carinho especial pela Alemanha. Creio que o modelo público-privado das escolas alemãs no estrangeiro tem futuro, também tendo em conta a concorrência das escolas privadas internacionais. É que uma escola não equivale à mera gestão de uma empresa. Aliás, este ano a Escola Alemã de Lisboa celebra 170 anos. É a segunda escola alemã mais antiga no estrangeiro e foi fundada, em 1848, por iniciativa do pastor da comunidade protestante alemã local. As escolas alemãs em Portugal continuam a ser muito solicitadas na atualidade, também porque um diploma escolar alemão obtido no estrangeiro dá acesso a cursos superiores e de formação na Alemanha. Quem conclui o ensino secundário alemão destaca-se pela criatividade e pelo dinamismo e possui as melhores qualificações para aceder a um curso na Alemanha, tanto em termos linguísticos como culturais. Além disso, existem numerosas instituições alemãs de ensino superior, cursos de preparação para estudantes estrangeiros e empresas que atualmente apoiam um número crescente de antigos alunos da PASCH, na sua formação e carreira profissional. Acresce que, desde 2008, o Serviço Alemão de Intercâmbio Académico (DAAD) atribuiu cerca de 1250 bolsas de estudo integrais a alunos da rede de escolas parceiras para frequentarem cursos superiores na Alemanha. Em resumo, a iniciativa de escolas parceiras abre aos seus alunos novas perspetivas educativas e, portanto, também em termos profissionais.
A iniciativa de escolas parceiras não representa apenas um bom investimento no futuro dos jovens. A promoção das línguas nas escolas também constitui uma medida da política cultural externa de efeito particularmente duradouro: reforça o diálogo intercultural e promove o entendimento mútuo. Faz com que haja maior abertura em relação às diferentes culturas e mais tolerância perante a respetiva individualidade. O mundo mais confuso e também mais incómodo de hoje, em que supostas evidências se dissolvem, em que são erigidos novos muros, em que estruturas de governação se desmoronam, em que há falta de entendimento e diálogo, este mundo precisa de pessoas com curiosidade, conhecimento e empatia, capazes de transpor fronteiras. A educação também serve para combater o populismo que alastra em muitos lados! Confiar nas suas próprias capacidades ajuda a superar o medo! E, contra o nacionalismo e o isolamento, é importante aprender línguas, viajar, abrir os horizontes para outros mundos, a fim de descobrir o sentido de humanidade que nos une. Porque o entendimento internacional requer muito mais do que aquilo que um embaixador ou todos os diplomatas poderiam alcançar. A compreensão mútua pressupõe o entendimento do outro. O "Dia da Unidade Alemã", que hoje celebramos, recorda-nos a importância de também derrubarmos os "muros dentro das cabeças".
O aumento das verbas para a política cultural e educativa externa, o aumento de programas de intercâmbio internacionais, o alargamento da rede de escolas alemãs no estrangeiro e mais apoio às organizações intermediárias: felizmente, todas estas questões estão previstas no acordo de coligação do atual Governo Federal. Todos estes projetos e iniciativas aproximam os jovens, e além de abrirem as portas da Alemanha a pessoas inteligentes, incentivam também o intercâmbio internacional da cultura, da sociedade civil e da economia - com benefícios mútuos. Também em relação a Portugal é desta forma que reforçamos, de forma duradoura, o fundamento sólido das relações entre ambos os nossos países.
Embaixador da Alemanha em Portugal