O sismo que esta sexta-feira atingiu 4,1 na escala de Richter e teve o epicentro na falha da Nazaré, 80 quilómetros ao largo de Peniche, pode ter réplicas nos próximos dias, que a acontecerem, "serão sempre de magnitudes mais baixas", afirmou ao DN o sismólogo Jorge Cruz, do IPMA. Até ontem a meio da tarde, no entanto, não se tinha registado ainda qualquer réplica.."É normal as réplicas acontecerem na mesma localização" do sismo original e, portanto, "não é de admirar que nos próximos dias isso aconteça", sublinha Jorge Cruz..Os sismos ocorrem quando há uma rutura nas falhas da crosta terrestre, devido às tensões que ali se acumulam. Quanto ao de ontem insere-se na "normalidade sísmica para Portugal", diz Jorge Cruz, sublinhando que "mensalmente há uma média de 300 sismos de baixa magnitude, entre um e dois graus na escala de Richter, que são registados pela rede sísmica do IPMA e que não são sentidos pela população"..O de hoje, ocorrido às 12.44, que não casou danos pessoais nem materiais, foi sentido nas regiões entre Lisboa e Leiria, que distam do epicentro 120 e 130 quilómetros respetivamente. A intensidade máxima foi sentida em Oeiras, Peniche, Mafra e Lisboa..A falha da Nazaré, onde ocorreu o epicentro do tremor de terra é uma velha conhecida dos geólogos e sismólogos e está ligada a alguns sismos históricos em Portugal. "O último mais forte que ocorreu na falha da Nazaré foi em 1962 e atingiu 5,5 na escala de Richter", lembra Jorge Cruz..Esse abalo aconteceu na madrugada de 26 de dezembro e de acordo com o relato do Diário de Notícias do dia seguinte, "a terra tremeu por todo o país", mas "sem consequências graves". "O fenómeno originou na capital e em muitas outras terras estragos em edifícios e casas de habitação" e "felizmente não assumiu proporções calamitosas, nem nada que se assemelhasse", conta o DN de 27 de dezembro de 1962, explicando que houve "muitas pessoas que, espavoridas, chegaram a fugir para a rua, algumas delas em trajos menores"..O tremor de terra de ontem foi bem mais pacífico. Mas ao IPMA, que desde 2007 disponibiliza no seu site a possibilidade de as pessoas descreverem a sua própria experiência destes fenómenos (na etiqueta "Sentiu um sismo?"), chegaram muitas dezenas de mensagens. "Ainda estamos à espera de mais, há muitas pessoas que participam sempre que sentem um sismo", diz Jorge Cruz..Com esses dados, os sismólogos conseguem depois fazer estudos de atenuação para perceber melhor o percurso seguido pela energia do sismo, que se vai atenuando com a distância, até que deixa de ser sentido.