Após despedida olímpica inglória, sobra um recorde na mira de Vonn

Esquiadora americana não chegou ao fim da sua última prova olímpica. Falta-lhe uma marca para fechar a carreira
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É, provavelmente, a mais mediática atleta dos desportos de inverno. Lindsey Vonn há muito saltou as fronteiras do universo do esqui alpino e tornou-se ícone global, aliando um riquíssimo palmarés de vitórias à figura esbelta que projetou em inúmeras capas de revistas ao longo dos anos - além de uma famosa relação com o golfista Tiger Woods. Aos 33 anos, a norte-americana chegou a PyeongChang em busca de um último momento de glória olímpica. Despediu-se ontem de forma inglória, com uma desistência na prova de combinado e "apenas" uma medalha de bronze como saldo destes que terão sido os seus últimos Jogos - ela própria o admitiu: "O meu corpo não aguenta mais quatro anos."

Desta vez, após a prova de combinado que fechou a cortina sobre a sua participação olímpica, Lindsey Vonn não chorou. As lágrimas tinham sido todas gastas na véspera, quando conseguiu a sua última medalha olímpica (a única em PyeongChang) com o bronze na disciplina de downhill. Ontem, a esquiadora americana preferiu despedir-se a distribuir sorrisos, como celebração de uma carreira olímpica que começou em Salt Lake City, no já bem longínquo ano de 2002.

"Eu acho que gastei todas as minha lágrimas ontem [quarta-feira]. Trabalhei duro. E consegui voltar com um bronze. Pode parecer dececionante para alguns, mas para mim é maravilhoso. Provavelmente vou chorar mais depois, mas neste momento o meu coração está a explodir de alegria. Acho que posso estar muito satisfeita com o que alcancei ao longo destes anos", referiu Vonn, cujo palmarés em Jogos Olímpicos acaba por não conseguir corresponder ao impressionante registo de vitórias em provas da Taça do Mundo (81).

Num trajeto olímpico de altos e baixos que começou com tão somente 17 anos, em Sal Lake City (onde surpreendeu com um sexto lugar em combinado), a esquiadora norte-americana ganhou uma medalha de ouro (downhill) e uma de bronze (Super G) em Vancouver 2010; e somou-lhes agora outro bronze (downhill) nestes Jogos de PyeongChang. No reverso da(s) medalha(s), um acidente assustador em Turim 2006, que a obrigou a ser retirada de helicóptero para o hospital, e a ausência de Sochi 2014 devido a uma lesão num joelho.

Nestes Jogos sul-coreanos, os já habituais focos mediáticos sobre Lindsey Vonn foram reforçados não só pela despedida anunciada do palco olímpico como, sobretudo, pelas suas posições públicas anti-Trump antes da competição. Em dezembro, a esquiadora disse que competia pelo país, não pelo presidente. E acrescentou que recusaria ser recebida na Casa Branca caso ganhasse um título olímpico em Pyeong Chang, o que lhe valeu vários ataques nas redes sociais antes e durante os Jogos. "Eu mantenho-me fiel aos meus valores e não vou abdicar disso", reagiu.

Desportivamente, depois de ter falhado o pódio na prova de Super G (onde foi sexta) e de se ter ficado pelo bronze no downhill (a sua prova de eleição), Vonn tentava uma despedida em beleza na disciplina de combinado. Mas, depois de ter sido a mais rápida na primeira manga (downhill), cometeu um erro na segunda (slalom) e não terminou a prova, que foi ganha pela suíça Michelle Gisin, à frente de outra estrela norte-americana, Mikaela Shiffrin.

"O milagre não aconteceu. Mas dei o meu melhor. Para quem já passou por tantas lesões, só o facto de estar aqui já me deixa feliz. Hoje [ontem] não tinha nada a perder, por isso ataquei a pista. Infelizmente, não funcionou, mas estou orgulhosa da minha corrida de downhill. Foi demais", resignou-se a norte-americana.

Disputada pelo mundo da moda e do cinema, a norte-americana que se tornou "maior" do que o próprio esqui avisa no entanto que a sua história na modalidade ainda não está acabada. Falta escrever um último capítulo, aquele que a mantém ativa na Taça do mundo: o recorde de 86 vitórias estabelecido pelo sueco Ingemar Stenmark. Lindsey Vonn está a somente cinco triunfos de igualar a marca (soma 81).

"Eu não vou parar enquanto não bater o recorde de Stenmark, disso estou certa. Espero que precise de apenas uma temporada para isso. Esquiar, eu pretendo fazê-lo até aos 80 anos, enquanto me sentir bem. Mas, profissionalmente, acho que não passa de uma temporada. De resto, ainda não sei o que farei depois", referiu a esquiadora pop americana, que no ano passado ganhou mais de quatro milhões de euros entre prémios e patrocínios.

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