APDL garante que obras no quebra-mar de Leixões não acabam com as ondas nem com o surf
"Dos estudos técnico-científicos não temos nenhum indicador, não temos nenhum indicador mesmo, que nos permita dizer que não vai haver praia ou não vão existir ondas", vincou hoje a presidente do conselho de administração da APDL, Guilhermina Rego.
A APDL promoveu hoje, nas suas instalações, em Matosinhos, no distrito do Porto, uma sessão de esclarecimentos sobre esta obra direcionada exclusivamente aos jornalistas.
Em fevereiro, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, anunciou um investimento de cerca de 217 milhões de euros, dos quais 147 são investimento público, até 2023 no Porto de Leixões para aumentar a sua competitividade portuária.
As empreitadas envolvem o prolongamento do quebra-mar exterior em 300 metros, o aprofundamento do canal de entrada, do anteporto e da bacia de rotação, a criação do novo terminal no molhe sul e a melhoria das condições de operação do porto de pesca.
Contudo, têm surgido várias críticas de partidos políticos, autarcas e surfistas a estas obras que originaram, também, o lançamento de uma petição pública com mais de 6.000 assinaturas que apela à suspensão da empreitada.
Guilhermina Rego explicou que a APDL está em conversações com os envolvidos no projeto, desde comunidade piscatória, surfistas ou restauração, por forma a "mitigar" os impactos destas empreitadas.
Com a comunidade piscatória já foi fechado um acordo que passa pela melhoria das condições de operação do porto de pesca, criando um novo entreposto frigorífico e fábrica de gelo, beneficiando as duas pontes-cais e construindo uma nova linha de cais para acostagem de embarcações de pesca, adiantou.
Durante a sessão, o engenheiro Hugo Lopes da Direção de Obras e Equipamentos da APDL frisou que estes projetos são "indispensáveis" à modernização do porto, acrescentando que sem eles outros possíveis investimentos ficarão "significativamente condicionados".
A sua não realização colocará em "risco elevado" a manutenção da importância deste porto no sistema portuário nacional e ibérico, vincou.
Atualmente, contou, as operações de entrada e saída de navios de maior dimensão só se fazem em condições climáticas favoráveis, pelo que, por vezes, gera-se a necessidade de esperar vários dias para um navio conseguir entrar, gerando acréscimos significativos de custos de imobilização de navios - cerca de 18.000 dólares por dia e por navio.
Sobre as preocupações que têm vindo a ser demonstradas por vários atores, Hugo Lopes referiu que a praia não vai ficar sem ondas, mas em algumas direções, principalmente na zona Norte, terão menor altura.
A propagação da maré - que gera correntes e determina a salinidade da água - junto à praia não é afetada pelo projeto, ressalvou.
Contudo, acrescentou, esta situação vai promover um melhor e mais seguro aproveitamento balnear da praia.