Aos dez anos, o Museu do Fado renova-se e abraça a tecnologia

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Lisboa. Aposta nas obras plásticas e na interactividade com os visitantes

Há dez anos abriu pela primeira vez as suas portas ao público. Em Março deste ano fechou para uma grande mudança - tanto no espaço físico como na sua exposição permanente. Desde o final da passada semana, o Museu do Fado está uma vez mais de portas abertas, com imagem e exposições renovadas.

Antes desta nova mostra que está patente no museu, o espaço tinha ficado conhecido por recriar ambientes ligados ao mundo do fado. No entanto, segundo a directora do museu, Sara Pereira, "deixou de fazer sentido recriar ambientes que qualquer pessoa pode visitar do outro lado da rua. Faz sim sentido ter uma série de obras que ajudam a iluminar a história do fado". Entre as várias obras plásticas de artistas como José Malhoa, Júlio Pomar ou Constatino Fernandes, passando por dezenas de objectos que marcaram a história do fado, partituras, vídeos, projecções, música, artigos e centenas de biografias, esta nova exposição vem, segundo Sara Pereira, "divulgar a história do fado, os seus poetas, os seus músicos, mas também explicar a relação que a sociedade portuguesa tem com este género e como é que o sentimos desde a sua génese. E isso está presente nas muitas obras presentes na exposição".

Este projecto começou no último trimestre de 2006, quando a EGEAC (empresa gestora dos espaços culturais da autarquia) apresentou uma candidatura ao Programa Operacional da Cultura para efeitos de recuperação e valorização do Museu do Fado, tendo financiado o museu em 54%. Esta renovação da exposição permanente teve o objectivo de "sedimentar e representar este universo e os seus protagonistas de forma mais eficaz, trazendo até ao museu mais peças que antes estavam dispersas, além de querermos adoptar um discurso mais contemporâneo". Grande parte das obras plásticas agora presentes no Museu do Fado estavam espalhadas por várias instituições municipais e só agora se reúnem pela primeira vez em favor de um mesmo olhar sobre o fado. A obra mais emblemática é O Fado, de José Malhoa (de 1910). Segundo a directora do museu, esta pintura "é uma peça fundamental da iconografia do fado, sendo hoje uma referência e também uma alegoria das origens deste género".

Uma das grandes novidades que o novo Museu do Fado traz é a sua ligação às novas tecnologias. "Foi uma forma de alargar o leque de conteúdos ao visitante", explica a directora. Por exemplo, agora pode consultar a biografia de qualquer artista, artigos de jornais ou periódicos, ouvir pelo menos uma música de cada fadista, acompanhar a exposição em português, inglês, francês ou castelhano, através de um audioguia". Ao todo são "centenas de conteúdos que estão na nossa base de dados e que agora o visitante tem acesso de uma forma mais imediata", garantiu Sara Pereira.

Esta renovação vem também com o objectivo de tornar o fado Património Imaterial da Humanidade, candidatura que tem sido liderada pelo Museu. Para Sara Pereira "o fado sempre conseguiu cruzar barreiras, acompanhar a evolução da cidade e dos tempos modernos". E é esta vitalidade que está patente no novo Museu do Fado, mais interactivo do que nunca.

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