Ao fim de mais de 30 anos, a reconciliação com o público

Roger Waters esteve no Pavilhão Atlântico para o primeiro concerto da nova digressão europeia de 'The Wall'. No fim, agradeceu ao público.
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Em 1977, um Roger Waters alienado do público dos Pink Floyd cuspiu na cara de um fã ruidoso durante um dos espectáculos do grupo. O episódio inspirou-o a escrever 'The Wall' (1979), o disco que se tornou não só um dos mais célebres do grupo britânico, mas também um dos exemplos mais ilustrativos do trabalho de Waters em nome próprio (não obstante o facto de estar em nome dos Pink Floyd).

Na segunda-feira, o baixista e vocalista deslocou-se novamente a Lisboa (já esteve cá no Rock in Rio), passadas três décadas sobre a primeira apresentação do álbum ao vivo, em 1981. O espectáculo concebido em torno do monumento de Roger Waters à alienação já não era executado ao vivo há duas décadas, mas a nova produção, com alguns pormenores mais contemporâneos, apresentou não só um Roger Waters diferente, em termos políticos, como um artista mais tranquilo em termos pessoais, na sua relação com o público e com os fantasmas (a morte do pai e o clima político da Grã-Bretanha da era-Thatcher) que ensombravam 'The Wall' e o filme homónimo de 1982.

No fim, longe de um desafio explícito às expectativas do público, apesar da produção obrigar que alguns temas fossem interpretados atrás de um muro de 19 metros, construído e demolido durante o espectáculo, Roger Waters, num verdadeiro espectáculo audiovisual de mais de duas horas, parecia não o homem revoltado de há 30 anos, mas um artista de novo ligado aos seus adoradores.

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