António Saraiva: "O PRR mudaria muito mais o país se tivesse as empresas no centro da estratégia"

António Saraiva é presidente da CIP.
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Dia 30 há eleições legislativas. Como convencer um abstencionista a ir votar?
Contrariando, racionalmente, os seus argumentos (nada fundamental está em jogo, os políticos são todos iguais, etc.); apelando, emocionalmente, à sua responsabilidade. Fazendo o velho apelo de que não votar é escolher quem não se deseja.

Na sua opinião o que seria melhor para Portugal: um governo de maioria absoluta ou de coligação entre vários partidos?
Ambas as situações têm vantagens e inconvenientes, como o demonstra bem a experiência portuguesa nestas últimas décadas de regime democrático. O fundamental é que seja encontrada uma solução política que garanta um claro e consistente suporte parlamentar ao próximo Governo para que este possa iniciar as reformas necessárias e que não podem continuar a ser adiadas.

Qual a primeira medida na sua área que o governo ​​​​​​​deveria tomar?
A primeira tarefa em que o próximo Governo se deve concentrar é a preparação do Orçamento do Estado para 2022, e, aí, há muitas medidas a tomar em simultâneo. São conhecidas as propostas do Conselho Nacional de Confederações Patronais: destacaria, entre elas, uma forte redução da tributação sobre os lucros retidos e reinvestidos (alargando e aprofundando o regime que já existe), a par da redução progressiva da taxa do IRC e da eliminação da derrama estadual.

E qual a primeira medida ​​​​​​​para o país, em geral?
Repito a resposta anterior: são medidas fundamentais para estimular o investimento, que é o que mais precisamos para responder às aspirações dos portugueses em termos de bem-estar económico. O problema do País é conseguir gerar crescimento económico e, nesse sentido, há que dar os primeiros passos.

O PRR pode mudar o país? Qual a sua expectativa em relação à execução do PRR durante esta legislatura?
O PRR mudaria muito e mais estruturalmente o país, de facto, se tivesse colocado as empresas no centro da estratégia que lhe está subjacente. Não tenho dúvidas que são as empresas quem tem maior capacidade para transformar a economia. As minhas expectativas são que, dada a escassez das verbas disponíveis, no PRR, face à forte resposta das empresas aos concursos que foram lançados, haja, no Portugal 2030, uma visão diferente, com um foco e um peso maior nas medidas dirigidas à competitividade empresarial.

Fiscalidade: o novo governo deve baixar primeiro os impostos às famílias ou às empresas? Qual das soluções trará mais rápido ​​​​​​​crescimento ao país?

Sem dúvida que a redução dos impostos sobre as empresas teria maior e mais rápido impacto, sobretudo se fosse acompanhada de um elemento fundamental para as opções de investimento das empresas: previsibilidade. Neste quadro, não me chocaria que, dentro de um calendário pré-estabelecido, se previsse uma redução gradual do IRC, sem se descurar algum alívio no IRS.

Escolha dois ou três políticos da História de Portugal (que não sejam candidatos a estas eleições) e que continuam a ser uma inspiração para si?
Mário Soares, Sá Carneiro e Ramalho Eanes.

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