António Guterres é candidato a um segundo mandato na ONU
O atual secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou junto das Nações Unidas a sua candidatura para um segundo mandato de cinco anos para o período de 2022-2026, avançou esta segunda-feira o seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
Guterres indicou à presidência da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança que estava "disponível para um segundo mandato como secretário-geral das Nações Unidas, se essa for a vontade dos Estados-membros", afirmou o porta-voz durante uma conferência de imprensa.
A possibilidade de Guterres avançar para um segundo mandato na liderança da ONU tinha sido avançada esta manhã por dois diplomatas citados pela agência Bloomberg.
António Guterres, de 71 anos, assumiu o cargo de secretário-geral da ONU em janeiro de 2017 para cumprir um mandato de cinco anos, que termina no final deste ano.
"O secretário-geral estará nas mãos dos Estados-membros durante o processo e irá ao encontro de quaisquer expectativas expressas pela Assembleia-Geral da ONU, aberto a sessões de perguntas", referiu Stéphane Dujarric, acrescentando: "António Guterres é o candidato, mas quem organiza o processo deverá prestar mais declarações".
Foi, entretanto, divulgado que o presidente da Assembleia-Geral da ONU, o diplomata turco Volkan Bozkir, falou hoje por telefone com o presidente do Conselho de Segurança (cuja presidência rotativa é assegurada este mês pela Tunísia) sobre os próximos passos para a eleição e que os dois deverão reunir-se na terça-feira.
Segundo o porta-voz do presidente da Assembleia-Geral, Brenden Varma, ainda "é prematuro falar sobre o processo", porque falta saber se existirão outras candidaturas ao cargo.
Brenden Varma referiu que existiram alterações no processo de seleção do secretário-geral, no sentido de uma maior abertura e transparência, e que este ano será a primeira vez em que um secretário-geral incumbente participa neste novo processo de transparência.
De acordo com os dois diplomatas citados pela Bloomberg, Guterres transmitiu no domingo aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (o órgão máximo das Nações Unidas por ter a capacidade de fazer aprovar resoluções com caráter vinculativo) - Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China --, que gostaria de cumprir um segundo mandato no cargo.
Segundo os mesmos diplomatas, Guterres, que conseguiu evitar a intolerância do Presidente norte-americano cessante, Donald Trump, abstendo-se de o criticar em público, quis esperar pelos resultados das eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro passado, que deram a vitória ao democrata Joe Biden, antes de tomar uma decisão.
A administração Trump entrou várias vezes em confronto com a ONU e as suas organizações, renunciando mesmo à Organização Mundial da Saúde (OMS) e irritando os membros do Conselho de Segurança quando se retirou unilateralmente e tentou acabar com o acordo nuclear assinado em 2015 com o Irão.
O Presidente eleito, Joe Biden, prometeu, no entanto, reverter a abordagem dos Estados Unidos, regressando à OMS e ao acordo com o Irão, bem como ao Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas.
Durante o seu mandato, Guterres fez da questão das alterações climáticas a sua prioridade, pressionando os países a aumentar os compromissos para reduzir as emissões de carbono.
A administração de Biden sinalizou que o clima será uma das principais prioridades e o nome escolhido para ser a nova embaixadora dos EUA junto da ONU, Linda Thomas-Greenfield, é uma diplomata experiente.
Em 24 de novembro, a futura embaixadora afirmou que "o multilateralismo estava de volta", prometendo reverter o isolacionismo da administração de Donald Trump.
Guterres, ex-primeiro-ministro português e ex-Alto Comissário da ONU para os Refugiados, foi aclamado pelos 193 Estados-membros da Assembleia-Geral para o cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) a 13 de outubro de 2016, após uma importante e determinante recomendação do Conselho de Segurança adotada a 06 de outubro.
Poucos meses depois, em janeiro de 2017, Guterres, o primeiro português a alcançar um cargo desta dimensão mundial, sucedia ao sul-coreano Ban Ki-moon (2007-2016) e tornava-se no nono secretário-geral da ONU para um mandato de cinco anos, até 31 de dezembro de 2021.
Notícia atualizada às 18:50