António Barreto diz que coesão social está ameaçada

A coesão social está ameaçada e o facto de as pessoas não saírem mais para a rua a "queimar coisas" não significa que não estejam perto do limite, alertou hoje António Barreto.
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"A ideia de que quando uma pessoa passa o limite se limita a ir para a rua e queimar coisas é errada", defendeu o sociólogo, quando questionado acerca da reação dos portugueses à crise económica e às medidas de austeridade. Mas "todos os povos têm um limite e o português também, não sabemos é onde ele está", alertou.

A forma como cada cidadão reage às dificuldades, à frustração e ao sentimento de injustiça difere, defende. "As pessoas podem fazer manifestações pacíficas, menos ordeiras ou violentas, mas também podem trabalhar pior, trabalhar mal, não ter ideias ou não ter imaginação", não fazer novos planos, imigrar ou ter problemas de família.

António Barreto considera que a "coesão [social] continua ameaçada" e que um dos problemas é o facto de os políticos, tanto os do Governo como os da oposição, não conseguirem explicar o que se está a passar aos portugueses.

O presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos falava aos jornalistas depois da apresentação do Portal Opinião Pública (POP), uma parceria desta entidade e do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa para disponibilizar dados acerca das atitudes e valores dos europeus, e dos portugueses, sobre assuntos como família, religião, economia ou trabalho.

O sociólogo comentou ainda os protestos de um grupo de participantes numa conferência no ISCTE, que impediram o ministro adjunto e da Presidência Miguel Relvas de discursar, salientando que, em democracia, todos têm direito a falar. Perante "10 ou 20 estudantes a cantar a Grândola Vila Morena e a impedir um ministro de falar, posso sorrir nos primeiros segundos, depois já não sorrio porque eles têm o direito de falar, mas o ministro também e não gostei do que se passou", frisou.

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