Antigos trabalhadores das minas de urânio em vigília depois de mais uma morte

Antigo mineiro, de 58 anos e que tinha sido membro da comissão de trabalhadores da ENU, morreu na segunda-feira, no Hospital de S. Teotónio, em Viseu.
Publicado a
Atualizado a

Os antigos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU) vão estar na sexta-feira à noite em vigília para mostrar a "dor e indignação" pela morte de mais um colega, vítima de cancro. A vigília "de protesto e de luto" realiza-se junto aos antigos escritórios da ENU, na Urgeiriça, no concelho de Nelas.

"Pretendemos com esta nossa luta mostrar a nossa dor e indignação por mais uma morte por cancro de um ex-mineiro", justificou o presidente da Associação dos ex-Trabalhadores das Minas de Urânio (ATMU), António Minhoto.

O antigo mineiro, de 58 anos e que tinha sido membro da comissão de trabalhadores da ENU, morreu na segunda-feira, no Hospital de S. Teotónio, em Viseu.

António Minhoto lembrou que a "maioria parlamentar PSD/CDS rejeitou aos projetos apresentados na Assembleia da República pelas outras forças políticas que pretendiam fazer alguma justiça para com os familiares dos ex-trabalhadores falecidos" devido à exposição à radioatividade, atribuindo-lhes uma indemnização.

Perante mais esta morte, a direção da ATMU realça a decisão tomada na última assembleia-geral de apelar ao voto "contra os partidos que têm impedido de ser feita alguma justiça, reprovando os projetos de lei que previam as indemnizações". No entender da ATMU, "o Estado é cúmplice de tantas e tantas mortes", uma vez que a ENU era uma empresa pública "onde não foram cumpridas as normas de segurança".

A ATMU garante que não vai parar a luta "até que alguma justiça seja feita para com todas estas famílias que veem partir os seus entes queridos desta forma tão brutal". Há alguns meses, a ATMU reuniu com PS, BE, Verdes e PCP para lhes entregar um memorando - aprovado a 12 de abril, em assembleia-geral, por unanimidade -- no qual exigia o pagamento das indemnizações às famílias daqueles que morreram por exposição à radioatividade.

O balanço das reuniões foi positivo, tendo a ATMU ficado com a convicção de que o pagamento de indemnizações será aprovado na próxima legislatura. A ENU teve a seu cargo, desde 1977, a exploração de minas de urânio em Portugal. A empresa entrou em processo de liquidação em 2001 e encerrou definitivamente no final de 2004.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt