Anorexia mata duas vezes na mesma semana

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Duas mortes em dois dias, uma causa comum. Carla Sobrado Cassalle, brasileira e estudante de moda, morreu quinta-feira depois de ter sido hospitalizada por complicações decorrentes da anorexia. Tinha 21 anos, tantos quantos Ana Carolina Reston, a modelo que perdeu a vida na terça-feira. Uma media 1,70 e pesava 45 quilos, a outra 1,74 e 40 quilos. Carla alimentava-se a água e peixe, Ana Carolina só comia tomates e maçãs.

As duas mortes na mesma semana levaram as principais agências de modelos do Brasil a definir novas regras para a entrada na profissão. Num acordo firmado sexta-feira, estas empresas decidiram que, qualquer que seja a idade e experiência profissional, todas as modelos terão de apresentar um atestado médico antes de serem contratadas. Se não forem saudáveis, ficam de fora das passerelles.

Carla Sobrado Cassalle estudava para se tornar estilista mas, de acordo com a família, a convivência com modelos agravou um problema que tinha começado na infância, quando os colegas lhe chamavam "gordinha" e "Carla pão-de-queijo".

Dietas radicais, acompanhadas de comprimidos para emagrecer, muito exercício físico e vómitos sempre que levava alguma coisa à boca eram os sinais visíveis da doença. Carla chegou a ser vigiada 24 horas por dia por uma enfermeira para que não vomitasse a comida, mas sempre rejeitou a ideia de estar doente e fugiu à ajuda profissional dos nutricionistas.

Na segunda-feira, uma paragem cardíaca empurrou-a para o hospital de Araraquara (a 275 quilómetros de São Paulo). Uma nova paragem, um dia depois, acabou por ser fatal.

Também Ana Carolina Reston passou os últimos dias de vida num hospital. Os rins deixaram de funcionar e a modelo não resistiu uma infecção generalizada. "Ela não comia nada, ficava deprimida quando perdia trabalhos e se achava gorda", recorda uma colega de trabalho ao Estado de São Paulo.

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