Anne Frank, a (curta) vida depois do diário
Anne Frank. Um nome que nos conduz numa viagem no tempo até à Segunda Guerra Mundial. Um nome que ficou irremediavelmente escrito na história. E por falar em escrita, essa era a grande paixão desta menina que viu a vida fugir-lhe com apenas 15 anos. As letras que desenhou no seu diário ao longo de aproximadamente dois anos deram origem a um best-seller que apaixonou o mundo. O que aconteceu a esta jovem - que sonhava ser jornalista - no curto espaço de tempo entre o fim do seu diário e a sua morte num campo de concentração nazi é a premissa de Anne Frank: A História nunca Contada, documentário que tem a chancela do National Geographic e que se estreia já no dia 12 de março às 20.35.
O programa surge na altura em que se assinala 70º aniversário da morte desta adolescente de origem judaica. Apesar de ter nascido na Alemanha, Anne Frank e a sua família viram-se obrigadas a viajar para a Holanda para fugirem do regime nazi. O país acabou por ser invadido pelos alemães no início da década de 1940, o que fez que Anne e a sua família se escondessem no sótão de um prédio que ficava atrás do escritório da família, na Rua Prinsengracht, 263, ao qual Anne se referia no seu diário como o "Anexo Secreto". O local serviu de abrigo e esconderijo entre julho de 1942 e agosto de 1944, altura em que a Gestapo recebeu uma denúncia anónima.
O documentário exibido pelo National Geographic visa precisamente contar o que aconteceu depois de a polícia secreta alemã ter levado Anne Frank e a sua família para um campo de concentração. Este especial conta com as declarações de testemunhas oculares sobreviventes ao campo de concentração, fotografias e vídeos históricos que dão conta do terror vivido em Auschwitz, Sobibor e Bergen-Belsen.
Entre a sua prisão e a sua morte decorreram apenas sete meses. Anne Frank e a irmã, Margot, sucumbiram em Bergen--Belsen, em março de 1945, vítimas de tifo. Isto poucas semanas antes de as tropas inglesas terem chegado ao local e libertado os sobreviventes.
Anne Frank: A História nunca Contada vai contar ainda com os relatos de duas amigas da jovem, que relembram perante as câmaras tanto os dias felizes de escola que viveram juntas em Amesterdão como os dias fatídicos antes da sua morte.
A tragédia também apanhou Edith, mãe das duas jovens, que morreu em Auschwitz, Polónia, no início de janeiro de 1945. Da família, apenas Otto, o pai, sobreviveu à guerra e acabou por realizar, em 1947, aquele que seria o sonho de Anne Frank: a publicação do seu diário. Miraculosamente, o mesmo acabou por sobreviver aos tempos de guerra e holocausto, tornando-se uma das obras mais conhecidas e traduzidas em todo o mundo.
Este documentário vai também mostrar imagens e documentos que vão ajudar a explicar o percurso da jovem alemã de origem judaica. Fotografias dos campos de concentração, da mala transportada por Anne Frank, da sua lápide e da irmã, Margot, dos sapatos das vítimas do Holocausto e dos monumentos erguidos em homenagem às vidas ceifadas pelo regime nazi vão ser alguns dos conteúdos exibidos em Anne Frank: A História nunca Contada.
Anne Frank morreu, mas os seus medos, ânsias, convicções e sonhos sobreviveram nas páginas do seu diário com capa axadrezada. Num dos fragmentos deste livro, escrito a 10 de outubro de 1942, a jovem judia abriu o seu coração relativamente ao seu futuro: "Esta é uma fotografia minha, ela mostra como eu gostaria de ficar para sempre. Desta forma eu poderia ter uma oportunidade de ir para Hollywood, mas agora estou com medo, a minha aparência está muito diferente."
O diário original está preservado no Instituto Holandês para a Documentação da Guerra. Os direitos autorais da obra da jovem judia estão reservados ao Fundo Anne Frank, localizado na Suíça, onde morreu Otto Frank em 1980.