Ânimos aquecem no cerco ao Parlamento
Os manifestantes começaram a chegar cerca das 16.30. Nas primeiras horas de protesto não houve incidentes de maior - apenas um homem tentou romper a barreira de segurança e registou-se o rebentamento de alguns petardos - houve sobretudo críticas ao Orçamento de Estado, considerado "um massacre dos direitos dos portugueses".
Cerca das 19.50 os populares começaram a formar o cerco ao Parlamento - iniciativa que deu o mote a este protesto - e derrubaram as grades de proteção, com os protestos a subir de tom.
Pedem a demissão do Governo e os petardos não param de rebentar. Duas jovens despiram-se em sinal de protesto.
Alguns manifestantes trouxeram tambores que ainda não se fizeram ouvir e muitos ostentam cartazes feitos em casa e alguns acenam bandeiras negras.
Na escadaria e em frente ao Parlamento estão colocados algumas dezenas de agentes do Corpo de Intervenção da Polícia de Segurança Pública que vigiam o desenrolar dos acontecimentos.
Cerca das 22.00 os manifestantes acenderam uma fogueira em frente à escadaria da AR e foram lançados vários petardos.
"Para mim acho que isto é demais", disse à Lusa Acácio Augusto Marques, observando o contingente policial. Este soldador reformado afirmou ter "descontado 40 anos para receber agora uma reforma de 280 euros".
Descontente com o estado do país, vaticina que "isto tem que rebentar por algum lado", acrescentando que se dirigiu ao Parlamento onde hoje foi entregue o Orçamento de Estado "pela primeira vez em 60 anos".
"É a primeira vez que entro numa coisa destas. Antes só tinha visto na televisão", declarou, referindo que espera que seja um protesto pacífico e defendendo que "é preciso é compreensão de parte a parte".
Ana, uma odontologista, veio até São Bento como "forma de pressão e demonstrar indignação", argumentando que "os portugueses estão a pagar muito mais do que podem".
Em declarações à Lusa referiu que "a dívida tem de ser renegociada e o tempo para a pagar alargado". Ana defende que "o Governo tem de recuar ou então tem que haver eleições antecipadas, se tiver que ser".
Acrescentou que é preciso os portugueses fazerem "um apelo à unidade nacional", frisando que "radicalizações não levam a lado nenhum".
"Centro, esquerda e direita, somos todos precisos", defendeu, notando que está "um bocado cansada dos partidos".
O Governo entregou hoje na Assembleia da República a proposta de Orçamento do Estado de 2013, que prevê um aumento dos impostos, incluindo uma sobretaxa de 4% em sede de IRS.
O orçamento é votado na generalidade no final dos dois dias de debate, 30 e 31 de outubro.
A votação final está agendada para 27 de novembro no parlamento.
A manifestação, intitulada "Cerco a S. Bento! Este não é o nosso Orçamento" foi convocada pelos movimentos 15 de Outubro e Sem Emprego para contestar a política do Governo.