Angolano BPC com prejuízos de quase 160 MEuro em 2016

O Banco de Poupança e Crédito (BPC), detido pelo Estado angolano e em reestruturação, fechou 2016 com um prejuízo de 29,5 mil milhões de kwanzas (159,1 milhões de euros), informou hoje à Lusa a instituição.
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As contas do banco, o maior do país e em processo de reestruturação devido à elevada carteira de crédito malparado, superior a 1,2 mil milhões de euros, foram aprovadas em assembleia-geral na terça-feira e contrastam com o resultado positivo em 8,3 mil milhões de kwanzas (44,7 milhões de euros) em 2015.

Na informação enviada à Lusa, o BPC justifica o resultado líquido negativo com as "decisões assumidas pelo atual conselho de administração", de constituir 72,7 mil milhões de kwanzas (392,2 milhões de euros) para "imparidades e provisões" do exercício de 2016.

Ou seja, refletindo nas contas uma perda potencial ou efetiva de quase 400 milhões de euros em créditos concedidos anteriormente.

"Esta iniciativa será reforçada em 2017, com o intuito de assegurar o saneamento efetivo da carteira de crédito do banco e atingir um rácio de transformação abaixo dos 70,0%", refere ainda o BPC, liderado desde março por Ricardo D'Abreu (presidente do conselho de administração), antigo vice-governador do Banco Nacional de Angola.

Esta medida foi acompanhada de um reforço dos fundos próprios do banco pelos acionistas, em 26,9%, face a 2015, passando para 171,9 mil milhões de kwanzas (927,4 milhões de euros), enquanto os custos administrativos aumentaram num ano 38,5%, para 67,5 mil milhões de kwanzas (364 milhões de euros).

Em 2015, o BPC tinha 406 agências em todo o país, com 5.354 trabalhadores, números que subiram, respetivamente, para 443 e 5.530 até final do ano seguinte.

O Estado angolano é acionista do BPC, através do Ministério das Finanças (75%), do Instituto Nacional de Segurança Social (15%) e da Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas (10%), que suportaram na proporção da sua participação o financiamento do aumento de capital do banco.

"O banco vive um momento muito particular da sua história. Queremos sanear e reestruturar o BPC. Vamos fazê-lo para que o banco sirva convenientemente o Estado, seu único acionista", disse em outubro passado o ministro das Finanças, Archer Mangueira.

O plano de recapitalização do banco, recorda a instituição, envolve várias ações que "visam assegurar a manutenção de uma posição financeira sólida e de um nível de rendibilidade sustentável e adequado ao perfil de risco do BPC".

Nomeadamente o aumento do capital social por subscrição de ações ordinárias pelos acionistas, no montante de 90 mil milhões de kwanzas (485,5 milhões de euros) e com a venda da carteira de saneamento (crédito malparado) à Recredit - espécie de 'banco mau' criado pelo Estado para gerir os ativos de cobrança duvidosa da banca angolana - efetuada neste caso por contrapartida de Obrigações do Tesouro no valor de 231 mil milhões de kwanzas (1.240 milhões de euros).

Envolve ainda a emissão de instrumentos de dívida subordinada convertível elegíveis para fundos próprios base no valor global de 72 mil milhões de kwanzas (388,4 milhões de euros).

"A utilização de fundos públicos é razão mais do que determinante para que o atual conselho de administração encare esta situação como um desafio a vencer, em nome de todos os angolanos", conclui o banco, na mesma informação.

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