Angola recusou ouvir parlamentares do Brasil ligados à IURD
O presidente de Angola não aceitou receber parlamentares brasileiros ligados aos interesses da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Os deputados e senadores, que tentaram conversar com João Lourenço durante a cimeira da CPLP, em Luanda, na semana passada, desejavam sanar a crise que o culto liderado por Edir Macedo atravessa no país africano. Nem o pedido oficial de Hamilton Mourão, vice-presidente de Jair Bolsonaro, convenceu as autoridades angolanas. Umas das principais bases de apoio de Bolsonaro são os evangélicos.
Os parlamentares ligados à IURD que viajaram para Angola eram liderados por Marcos Pereira, presidente do partido Republicanos e bispo da Universal. O culto vem sofrendo com revoltas de bispos angolanos contra missionários brasileiros, acusados de crimes financeiros, e tomaram para si o controlo dos templos
O setor evangélico, pilar do governo, tem exigido de Bolsonaro uma posição oficial de defesa da IURD, razão pela qual o presidente do Brasil destacou o seu vice para essa missão em solo angolano, confirme revelou o jornal O Estado de S. Paulo. Mourão terá pedido, na reunião com Lourenço, a garantia de um tratamento justo à igreja nos processos em tribunal que correm no país e a tal reunião com Pereira e outros parlamentares - mas o líder angolano não se mostrou sensibilizado em relação à primeira e recusou a segunda.
Para Lourenço, os parlamentares do Brasil serão sempre bem recebidos pelos seus pares angolanos, no futuro - mas, para tanto, é necessário um convite formal do Congresso do país africano.
E o presidente angolano parece de costas voltadas para a IURD, depois de a TV Record, canal brasileiro controlado pela igreja, ter noticiado supostos casos de corrupção envolvendo a primeira-dama de Angola, Ana Dias Lourenço, repercutidos em veículos europeus.
A cerca de ano e meio das eleições, Bolsonaro está preocupado em manter do seu lado os evangélicos, com os quais o antigo presidente Lula da Silva, seu principal concorrente em 2022, vem mantendo contactos. O insucesso nestas negociações foi considerado pelo governo um passo atrás. No entanto, o presidente brasileiro já nomeou Marcelo Crivella, ex-prefeito do Rio de Janeiro e sobrinho de Macedo, embaixador na África do Sul.