Angola precisa de quase 250 milhões de euros para acabar com áreas minadas
Angola necessita de uma contribuição de mais de 275,2 milhões de dólares (quase 250 milhões de euros) para desminar o país até 2025, atualmente ainda com 1435 áreas minadas.
A Comissão Nacional Intersectorial de Desminagem e Assistência Humanitária (CNIDAH) reuniu esta quinta-feira em Luanda com os principais doadores da ação contra as minas em Angola.
O presidente da CNIDAH, Santana André Pitra "Petroff", disse que a crise económica e financeira que Angola enfrenta afetou significativamente a capacidade nacional de financiamento das operações de desminagem em Angola.
O responsável frisou que Angola pretende submeter um segundo pedido de extensão do prazo para considerar o país livre de minas, até 31 de março de 2017.
"A manter-se tal situação [de crise], o país poderá não ser capaz de, por si só, cumprir satisfatoriamente o artigo 5.º da Convenção de Otava até 2025, conforme postula a Declaração de Maputo", referiu.
Santana André Pitra "Petroff" disse que desminar Angola é um desafio, porque passados 14 anos de paz, centenas de angolanos, incluindo mulheres e crianças, continuam a ser vítimas das minas terrestres e outros engenhos remanescentes de guerra.
"Podemos citar aqui o exemplo do último incidente que ocorreu na província do Bié no mês passado, que vitimou sete pessoas da mesma família. Este facto demonstra claramente a complexidade existente em lidar com as minas terrestres", afirmou.
Segundo o responsável, a desminagem é um imperativo para responder igualmente ao desafio de diversificação da economia, salientando que consideráveis extensões de terras aráveis continuam contaminadas e inúmeros projetos sociais, económicos, turísticos e ambientais dependem da limpeza dessas áreas.
O presidente da CNIDAH sublinhou que o processo de desminagem em Angola é muito mais complexo, moroso e oneroso, comparativamente a outros países, devido a sua extensão territorial, a longevidade do conflito armado e fatores climáticos.
Angola já desembolsou cerca de 500 milhões de dólares (452 milhões de euros) para o seu processo de desminagem, que até à presente data deixou 1858 áreas livres de minas.
Atualmente está em curso uma pesquisa para atualizar as informações sobre o problema das minas no país, que começou a ser minado na década de 1960 e teve mais de 15 atores no conflito armado culminado em 2002.
As pesquisas foram já concluídas em dez das 18 províncias angolanas, estando em curso em Malange, Cunene e Moxico, com previsão de terminar até ao final deste ano.
De acordo com dados da CNIDAH, foram já angariados fundos para atualização da pesquisa na província do Bengo, que deverá estender-se até Luanda, a capital do país.
Por pesquisar ainda estão as províncias do Moxico, Lunda Norte, Lunda Sul e Cabinda, cujo custo está orçado em 228.000 dólares (206 mil euros), devendo o trabalho concluir antes do fim de março de 2017, a base para Angola apresentar o seu pedido de extensão.
Para uma Angola livre de minas, nos campos conhecidos, até 2025, o Governo angolano estima o valor de 275 milhões de dólares (cerca de 250 milhões de euros).