Angola ainda tem 200 milhões de dólares de kwanzas para comprar na Namíbia

O Banco Nacional de Angola comprou mais 51 milhões de dólares em kwanzas depositados no Banco da Namíbia, mas ainda tem de regularizar a compra de 200 milhões de dólares, segundo as autoridades namibianas, citadas hoje pela imprensa namibiana.
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A informação foi prestada pelo vice-governador do Banco da Namíbia (BoN), Ebson Uanguta, à margem da visita que o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Silva, realizou na sexta-feira àquele país vizinho de Angola.

De acordo com Ebson Uanguta, Angola pagou na semana passada cerca de 661 milhões de dólares namibianos (51 milhões de dólares norte-americanos) por o equivalente a mais de 8.000 milhões de kwanzas.

"Ainda faltam quatro pagamentos. Dois serão feitos este ano e outros dois no próximo ano. O que falta agora ronda cerca de 200 milhões de dólares [172 milhões de euros]", disse o vice-governador, garantindo ainda que os pagamentos por Angola estão a ser feitos conforme o acordo entre ambas as partes.

Angola acordou com as autoridades da Namíbia o pagamento de 52.275 milhões de kwanzas, equivalente a 270 milhões de euros, para recompra, em dólares, da moeda nacional angolana que entrou no país vizinho, ao ritmo de 20 milhões de dólares (18 milhões de euros) por trimestre.

O valor em causa, equivalente à taxa de câmbio atual a cerca de 315 milhões de dólares, consta do relatório e contas do BNA de 2015, fechado apenas em março último, estando inscrito no documento como valor a pagar "ao abrigo do Acordo de Conversão Monetária com o Banco da Namíbia".

Contudo, o BNA também refere no documento ser credor de 13.539 milhões de kwanzas (70 milhões de euros), valor a receber (à data de 31 de dezembro de 2015) ao abrigo do mesmo Acordo de Conversão Monetária com o Banco da Namíbia.

Angola chegou a pedir cinco anos para recomprar todos os kwanzas que entraram na Namíbia em 2015, ao abrigo deste acordo, que permitia a aceitação recíproca das moedas de cada um dos países (kwanzas e dólares namibianos) em algumas localidades do outro lado da fronteira.

Em pleno pico da crise de falta de divisas em Angola, face à quebra nas receitas da exportação de petróleo, muitos angolanos viram nesta solução uma forma de obter moeda estrangeira (dólares namibianos depois trocados por dólares norte-americanos).

Em julho de 2015, ao fim de um mês em vigor (18 de junho), o acordo monetário já era considerado pelo BNA como em situação de "descontrolo", no lado namibiano, ao exceder largamente os montantes estipulados para aceitação reciproca da moeda de cada país.

O acordo pretendia facilitar as trocas comerciais entre as localidades Oshikango (Namíbia) e de Santa Clara (Angola), mas foi definitivamente suspenso em dezembro, ao fim de cinco meses, com 32 mil milhões de kwanzas trocados nas casas de câmbio e bancos do outro lado da fronteira do sul de Angola.

As autoridades namibianas reclamam a recompra destes kwanzas porque não têm utilização naquele país, por ser uma moeda apenas aceite em Angola.

Angola vive uma profunda crise financeira e económica decorrente da forte quebra da cotação internacional do barril de crude, que por sua vez fez diminuir a entrada de divisas no país, levando o BNA e os bancos comerciais a restringirem o seu acesso aos clientes, que fez disparar os preços e dificulta as importações, além da forte desvalorização do kwanza.

As duas instituições anunciaram que um "novo mecanismo" para conversão de moeda a partir de 21 de dezembro de 2015, centralizado no BNA e apenas disponível nos bancos comerciais angolanos.

O BoN passou a emitir dólares namibianos para o BNA, o qual assume a gestão e disponibilização da moeda aos bancos comerciais e no posto transfronteiriço de Santa Clara (sul de Angola).

"Isto significa que não haverá nova troca de kwanzas na Namíbia", informaram na altura.

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