Angola, Brasil e Portugal na corrida ao BES Photo
Délio Jasse (Angola), Letícia Ramos (Brasil), José Pedro Cortes (Portugal) são os artistas selecionados para o prémio BESPhoto, que assinala em 2014 a sua 10.ª edição. Os três selecionados expõem os seus trabalhos em maio de 2014 no Museu Berardo e em outubro no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, prosseguindo a estratégia de internacionalização que tem marcado as últimas quatro edições.
O angolano Délio Jales, 33 anos, vive e trabalha em Portugal e expõe regularmente desde 2008, em Lisboa, Luanda, Berlim, São Paulo e Mali, de acordo com uma nota biográfica enviada pelo Museu Berardo. Foi selecionado pelo júri pela "apresentação de três trabalhos distintos, mas inter-relacionados, que exploram as formas como o passado continuam a ter impacto no presente". Segundo os jurados, há representações da história colonial, como na série Além_Mar (2013), pela transformação da paisagem urbana deLuanda ou "através de imagens de indivíduos encontradas pelo mundo fora em feiras de objetos usados, como em Contacto (2012)".
No caso de Letícia Ramos, o júri considerou que o seu trabalho "revela um amadurecimento da sua prática artística" nas últimas exposições. "A artista construiu aparatos que mostram o processo de criação de imagens ao mesmo tempo simples e sofisticadas, sugerindo também uma reflexão sobre a evolução do meio fotográfico", lê-se no comunicado. Abrasileira, de 37 anos, vive e trabalha em São Paulo e tem vencido vários prémios de fotografia no Brasil - Funarte Marc Ferrez (2011), Prémio Brasil Fotografia/Pesquisas Contemporâneas (2012) Bolsa de Fotografia ZUM / Instituto Moreira Salles (2013), para o projeto Microfilme. Usa a fotografia para fazer experiências, como os primeiros cientistas, nota o júri.
José Pedro Cortes, nasceu no Porto, em 1976, e estudou no AR.CO e também em Londres, onde viveu três anos. Mostra o seu trabalho regularmente desde 2004. Segundo o júri, "tem-se destacado com uma obra fotográfica que cruza o registo da vida urbana contemporânea com uma narrativa muito pessoal da intimidade e da anonímia na delimitação entre o espaço público e o privado, centrada na relação entre os lugares e as pessoas que os vivem".
O júri do prémio é composto por especialistas dos países que se podem candidatar ao prémio (Brasil, Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e Portugal). Neste caso, o crítico e curador independente Jacopo Crivelli Visconti (Brasil); o subdiretor do museu espanhol Reina Sofia, João Fernandes (Portugal) e a fundadora e diretora do Centro de Arte Contemporânea de Lagos, Bisi Silva (Nigéria).
Os finalistas terão uma bolsa de criação e o vencedor receberá 40 mil euros. Será conhecido cerca de um mês após a inaguração da exposição no Museu Berardo.