Angela Merkel visita campo de concentração de Dachau
A visita da chanceler alemã sucede a 33 dias das legislativas em que Merkel procura um terceiro mandato consecutivo e cerca de três semanas antes das eleições regionais na Baviera, região onde se situa o campo de Dachau, que é dirigido pelo partido irmão da CDU, a CSU.
Angela Merkel, que será acompanhada pelo presidente do comité dos antigos presos de Dachau, Max Mannheimer e por outros sobreviventes, fará um breve discurso, homenageará as vítimas deste campo de concentração onde perderam a vida mais de 41 mil presos, e visitará o que resta das instalações. Dachau foi aberto em 1933, pouco depois da chegada ao poder de Hitler, e nele estiveram internadas mais de 200 mil opositores ao regime nazi, judeus, prisioneiros de guerra e ciganos.
A presença de Merkel em Dachau, que decorre num dia em que a chanceler participa em ações de campanha para as regionais de 15 de setembro, foi criticada pela dirigente do grupo parlamentar dos Verdes, na oposição, Renate Kunast, que a classificou de gesto "de mau gosto". Uma visita destas, na opinião de Kunast, "não se faz em plena campanha eleitoral, se se quer realmente recolher com seriedade num local de horror como este".
Também o diário Suddeutsche Zeitung, de esquerda e considerado próximo da oposição social-democrata do SPD, escrevia hoje que uma visita destas "não se faz a seguir a uma ação de campanha, ou a uma festa popular ou após passar-se por um ajuntamento onde se bebe cerveja".
Em contrapartida, quer para o presidente do comité dos antigos presos do campo, quer para a presidente da comunidade judaica de Munique, a presença de Merkel em Dachau é uma "visita histórica". Para o primeiro, Max Mannheimer, o facto da chanceler visitar aquele que foi o primeiro campo de concentração do regime nazi é "um sinal de respeito para todos os seus antigos presos". Para a segunda, "é louvável que a chanceler aproveite uma visita à região para se deslocar ao campo de concentração-memorial" que é hoje Dachau.
A chanceler anunciou a visita no passado sábado, através do seu podcast, declarando que "nunca devemos aceitar que aquelas ideias [as de extrema-direita] tenham lugar na nossa Europa democrática". Merkel disse ainda que se deslocava a Dachau com um "sentimento de vergonha e compaixão".
Ouvido pela AFP, o professor de história militar Michael Wolffsohn, que ensina em Munique, pensa que, dificilmente, a presença de Merkel em Dachau, que será acompanhada por jornalistas numa parte da visita, se integra numa estratégia eleitoralista. "Não é fácil neste país suscitar o entusiasmo com a História, em particular com a do nacional-socialismo", afirma aquele académico.
Merkel já visitou no passado outros campos de concentração.