Andrzej Wajda revisita mitologia e história polacas

O veterano polaco Andrzej Wajda continua a filmar momentos fulcrais da história do seu país. Agora é a vez de Lech Walesa
Publicado a
Atualizado a

De que falamos quando falamos de Lech Walesa? Ao filmar o seu Walesa - incidindo em particular na década de 1970, com as greves no estaleiro de Gdansk a conduzirem à formação do sindicato Solidariedade -, o veterano Andrzej Wajda (n. 1926) terá, por certo, refletido sobre os inevitáveis cruzamentos entre a história e a mitologia, a intervenção política e o domínio privado.

O seu filme resulta, afinal, de uma preocupação fundamentalmente didática: trata-se de colocar em cena o líder de um movimento que transfigurou o domínio do trabalho e do sindicalismo na Polónia, com ecos decisivos em todas as sociedades de Leste (até à queda do Muro de Berlim, em 1989). Ao mesmo tempo, pretende-se enfatizar o retrato psicológico de alguém que, por assim dizer, transpõe para a sua atividade sindical a energia e os afetos que o distinguem como marido e pai de oito filhos (os primeiros cinco nascidos ao longo dos conturbados anos 1970).

Nesta perspetiva, pode mesmo considerar-se que um dos trunfos mais fortes do filme é a composição de Robert Wieckiewicz, dando a ver um Walesa sempre em ziguezague entre a sua dedicação familiar e as exigências de um líder que, a certa altura, contra a sua vontade, se transformou em "vedeta" de muitas formas de jornalismo internacional.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt