Medidas de Milei fazem disparar preços dos bilhetes de autocarro na Argentina

Esta será uma das medidas previstas para 2024 que o presidente argentino, Javier Milei, pretende aplicar, com o objetivo de implementar ajustes fiscais e cortes nos gastos públicos.
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As manifestações contra as políticas económicas do presidente argentino, Javier Milei, prometem subir de tom à medida que são conhecidas as medidas que pretende aplicar em 2024. Uma delas está relacionada com o custo das viagens de autocarro, que deverá passar dos cerca de 70 pesos para 400 pesos por trajeto.

A informação está a ser avançada pelo jornal El Economista, dando conta que o objetivo de Milei - eleito presidente no passado mês de novembro, tendo assumido o cargo a 10 de dezembro - é eliminar subsídios estatais em vários serviços, como os transportes.

O governo irá divulgar os detalhes sobre os cortes que abrangem os transportes públicos, mas o jornal adianta que o preço de um bilhete de autocarro, uma viagem, em Buenos Aires, será multiplicado por seis, de menos de 70 pesos irá passar para 400 pesos.

"O pior já se faz sentir nas zonas mais remotas da capital, onde o preço já quintuplicou este mês e o custo de viajar duas vezes por dia durante um mês já representa dois terços do salário mínimo", escreve o El Economista. Em Mar del Plata, grande destino turístico do país, o autocarro que liga as cidades vizinhas disparou de 500 para 2.500 pesos por trajeto. Para um trabalhador que precisa de utilizar o autocarro duas vezes por dia para ir e voltar da cidade, 20 dias por mês, o custo mensal disparou para 100 mil pesos: dois terços do salário mínimo, que é de 154 mil pesos.

A medida faz parte de um plano de cortes e desvalorizações anunciado por Milei para transformar a economia argentina que enfrenta sérias dificuldades.

O presidente argentino defendeu o decreto de necessidade e urgência (DNU), que contém mais de 300 medidas para desregulamentar a economia.

Com a expectativa de que a inflação atinja cerca de 200% até o final do ano, Milei prometeu reduzir as regulamentações governamentais e as folhas de pagamento, e permitir a privatização das indústrias estatais como forma de impulsionar as exportações e o investimento.

Os cortes já geraram protestos, mas Milei prometeu seguir em frente.

"O objetivo é iniciar o caminho para a reconstrução do nosso país, devolver a liberdade e a autonomia aos indivíduos e começar a transformar a enorme quantidade de regulamentações que bloquearam, paralisaram e pararam o crescimento económico", disse Milei.

Entre as medidas anunciadas estão uma desvalorização de 50% do peso argentino, cortes nos subsídios à energia e aos transportes e o encerramento de alguns ministérios. As medidas surgem numa altura de subida da inflação e de aumento da pobreza.

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NOTA: notícia corrigida às 21.50 de 30 de dezembro. Uma versão inicial dava conta de que um bilhete de autocarro custaria mais de metade do salário mínimo, o que é falso. Pelo erro, pedimos desculpa aos nosso leitores.

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