Andaluzia. Mais de 190 mil pessoas assinam petição contra hotel rural em parque natural
A paisagem árida, de origem vulcânica, e as praias paradisíacas marcam o Parque Natural Cabo da Gata-Níjar, em Almería. É lá que está instalada a polémica à volta do projeto que pretende transformar uma quinta em hotel rural de quatro estrelas. O governo da Andaluzia já deu luz verde, mas o processo ainda decorre com a forte oposição de grupos de defesa do ambiente.
São mais de 190 mil as pessoas que assinaram uma petição contra o projeto, que prevê 30 unidades de alojamento de turismo rural na quinta Las Chiqueras, situada na herdade Romeral, em frente à Baía Los Genoveses, no Parque Natural Cabo de Gata-Níjar, que, em 1997, foi designado como reserva da biosfera da UNESCO. Já em 2001 foi considerada uma zona protegida de especial importância para o Mediterrâneo.
Trata-se de uma área com quase 27 mil metros quadrados, onde estão localizados edifícios, que datam do início do século XX e que foram pensados para a exploração agropecuária.
Os promotores do projeto defendem a reabilitação dos edifícios e os futuros alojamentos, destacando que se trata de turismo sustentável. Em sentido oposto estão as críticas que acusam este empreendimento de promover o turismo de massas numa das zonas mais bem conservadas na costa do mediterrãneo.
Curioso é o facto de os promotores do projeto serem familiares da proprietária da herdade Romeral, já falecida. Francisca Díaz Torres, conhecida em Almería como Pakyta, teve um papel fundamental na criação do parque natural e na conservação da paisagem da região, como escreve o El País.
Os familiares de Pakyta querem agora transformar a quinta agropecuária num complexo turístico, a menos de um quilómetro da praia dos Genoveses, um dos locais no parque natural que mais turistas recebe durante o verão.
A quinta tem oito edifícios que apresentam estados de preservação diferentes, alguns dos quais dedicados à pecuária e à agricultura. O espaço tem atualmente também um museu e espaços dedicados a eventos.
O governo da Andaluzia autorizou a intervenção em todo o terreno, obras que contemplam demolições para a construção dos 30 alojamentos de turismo rural, com piscina, espaço social comum a todos os futuros hóspedes.
No entanto, para verem o projeto avançar, os promotores fizeram algumas alterações, tendo prescindido do aumento da capacidade de estacionamento da unidade hoteleira.
De acordo com o El País, o grupo promotor Playas y Cortijos - ao qual pertence a empresa dos familiares de Pakyta, a Torres y González Díaz SL - refere que a família está surpreendida pela polémica gerada à volta do projeto.
Garantem que nada vai ser construído de raiz e que será feita uma reabilitação dos edifícios existentes sem que isso signifique um aumento da área construída.
Um argumento que não convence os ambientalistas. "O que aconteceria se todos os prédios antigos para uso agrícola no parque fossem transformados em hotéis?", questionou José Rivera, presidente do Grupo Ecologista Mediterráneo.