Analistas otimistas quanto ao futuro da TAP, apesar da dívida
A melhoria significativa no EBITDAR, o sucesso da emissão de 375 milhões de euros que permitiu renegociar a dívida da companhia e os planos de expansão e renovação de frota (de uma média de 14 para seis anos das aeronaves) são razões para "um futuro brilhante" para a TAP, ainda que a alavancagem levante preocupações. A análise é feita pela Debtwire, especialista no negócio da aviação, que hoje libertou um relatório sobre a atividade da companhia aérea portuguesa.
"Antecipamos um outlook prometedor para a TAP, muito graças à renovação da frota e ao crescimento do turismo em Portugal, que trazem à companhia a oportunidade de crescer alargando as suas operações. Mesmo que nos primeiros anos de expansão os resultados se prevejam negativos, dadas as necessidades de investimento, e apesar da incerteza provocada por um contexto de riscos consideráveis para o setor da aviação, incluindo ao nível do preço do petróleo", lê-se nas conclusões do documento, assinado por Manuel Coelho e Bobby Kabli.
"Não esperamos que a TAP seja capaz de se desalavancar durante este ano ou gerar cash flow, porém estamos otimistas quanto ao crescimento dos resultados dos voos para destinos nas Américas e em África", admitem os analistas. E explicam que os custos de transformação da companhia e a necessidade de renegociar dívida não permitem antecipar que a desalavancagem aconteça tão cedo - pelo menos enquanto estiver a decorrer o plano de renovação, as necessidades de capital não irão abrandar. "O plano deverá exigir necessidades de financiamento (capex) a rondar os 400 milhões de euros por ano", lê-se na análise da Debtwire, que recorda que até setembro a companhia tinha gasto 1,5 mil milhões de euros de um total de investimento necessário que se situará nos 3,5 mil milhões. Os custos do petróleo a subir também são um fator de risco assinalado, assim como a quantidade de companhias a operar na Europa - que levou à falência de 26 delas só no último ano.
Um aeroporto de Lisboa esgotado e o atraso na nova infraestrutura - cuja construção só deverá arrancar no fim do ano, depois da luz verde definitiva da Agência Portuguesa para o Ambiente ter sido dada ontem (leia aqui porque pode esta aprovação ainda ser contestada) -, "que está planeada desde 2008 mas tem sido consecutivamente adiada", também têm afetado negativamente a TAP. A estar pronto em 2022, como se prevê, "o Montijo pode ser determinante para o crescimento da companhia".