Analistas estimam que o fim da moeda traria elevados custos para todos os países

Os economistas estudam cada vez mais a sério os diferentes cenários possíveis para o caso do desaparecimento ou da saída de alguns países da Zona Euro e estimam que o preço a pagar será sempre muito elevado.
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Os analistas concordam que, se o euro perder alguns de seus membros ou se acabar, nenhum país sairia incólume, pelo menos a curto prazo. Segundo uma análise do Capital Economics, mesmo se apenas a Grécia, Portugal e a Irlanda saíssem do euro nos próximos dois anos, o PIB da zona euro seria reduzido em 1% em 2012 e em 2,5% em 2013, uma proporção equivalente ao da recessão de 2008-2009. Numa nota recente, o banco UBS estimou que, se um país "fraco" como a Grécia saísse do euro, isso custaria entre 9.500 e 11.500 euros per capita no primeiro ano e 2000 a 4000 nos anos seguintes.

De acordo com este estudo, se um país "forte" como a Alemanha deixasse a Zona Euro, as consequências também não seriam neutras: o custo por habitante seria de 6.000 a 8.000 euros no primeiro ano, ou seja 20 a 25% do PIB do país, e de 3.500 a 4.500 euros nos anos seguintes. O retorno às moedas nacionais resultaria em desvalorizações para alguns e valorização para outros. De acordo com Jens Nordvig, da Nomura Securities, se a Alemanha voltasse ao marco, esta moeda valorizar-se-ia face ao dólar, enquanto que, inversamente, a Grécia iria ver o valor da sua moeda cair 60%, enquanto que a Itália, a Bélgica e a Espanha 35%.

De acordo com a maioria dos analistas, com uma nova moeda, os países mais frágeis deveriam reestruturar a sua dívida a um custo muito mais elevado e os respetivos sistemas bancários nacionais arriscar-se-iam a entrar em colapso por causa da pouca confiança na nova moeda. Os cidadãos, face ao risco de desvalorização das suas economias, seriam tentados a retirar as suas poupanças dos bancos, as empresas teriam dificuldade para conseguir capital e, finalmente, a economia não poderia funcionar, causando o risco de instabilidade social. Por outro lado, se fosse um país como a Alemanha a deixar o euro, a valorização da sua moeda iria levá-la a perder a sua quota de mercado nas exportações.

O mesmo aconteceria se a Alemanha mantivesse o euro, juntamente com um grupo de países, enquanto que a França e a Itália deixassem a moeda única. Neste caso, "não é certo que o franco fosse desvalorizado face ao euro", disse à AFP Jacques Cailloux, analista do Royal Bank of Scotland, destacando que a Alemanha ficaria enfraquecida pelo facto de que "o seu sistema bancário ter uma exposição de 200 bilhões de euros nos bancos franceses". Pelo mesmo motivo, o desaparecimento da zona euro ou a sua sobrevivência de forma reduzida seria prejudicial para as economias externas; daí os fortes apelos dos EUA para que os líderes europeus encontrem uma solução para a crise da dívida.

A longo prazo, o quadro poderá não será assim tão negro. "As perspetivas de longo prazo para as ex-economias da eventual antiga zona euro podem ser melhoradas pela capacidade dos antigos Estados-Membros em implementar as suas próprias políticas e em permitir a flutuação das respetivas moedas", escrevem os analistas da Capital Economics, salientando que a desvalorização lhes permitiria tornarem-se mais competitivos, sem redução dos salários.

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