Ana Rita Clara: "Sem conteúdo, ficas pelo caminho"

Ao fim de oito anos em televisão, sente que está na hora de dar o salto. Um programa com "maior responsabilidade e dimensão" é o seu desejo. Dentro ou fora da SIC. Mulher de várias paixões, dedica-se agora à representação. A estreia como actriz... só com um papel "denso". <br />
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Vinte e quatro horas por dia não chegam para Ana Rita Clara concretizar todas as suas paixões. A apresentação em televisão, a recente entrega à representação, a alegria de passar música, a sociologia (área de formação), a produção de conteúdos e a realização são algumas. "Não consigo estar parada, está-me nos genes. O meu ADN diz non stop", ri-se a apresentadora da SIC Mulher. Aos 30 anos - oito em televisão - já conduziu os mais variados programas: da estreia em Curto-Circuito (SIC Radical), ao XTPO (RTPN), apresentando também Contacto e Êxtase (SIC), passando recentemente pelo Mundo das Mulheres e Querido Mudei o Visual (SIC Mulher).

Ana Rita Clara considera-se uma apresentadora versátil. Agora, diz, chegou a um momento fulcral na sua carreira. Está na hora de dar o salto. "É importante que surja um programa de maior responsabilidade e dimensão. Sinto-me à altura e gostava de ter essa oportunidade", confessa à Notícias TV. É a busca incessante de quem não se acomoda. Mesmo que isso implique uma saída da SIC, a sua casa consecutiva há cinco anos. "O canal respeita-me e trata-me bem, mas não tenho exclusividade com a SIC, o que significa que estarei disponível para os projectos que achar que são os mais interessantes, independentemente do canal", frisa. Apesar da "forte ligação emocional" que sente pela SIC, refere: "Se é para crescer nesta área, então que exista essa aposta do canal. Gostava de ter um programa em prime time ou em latenight. Tenho muito mais para dar", diz, sorridente.

Para já, uma segunda temporada de Querido Mudei o Visual ainda não é certa. Ana Rita gostaria que o programa voltasse. "Tive um retorno fantástico. Tudo o que seja mudar a vida das pessoas, contem comigo. Para além de ter aprendido dicas sobre moda e beleza, aprendi, sobretudo, que vem muito do interior a própria beleza de uma pessoa", afirma. Até porque, num mundo como o da televisão, ter uma cara bonita não chega. "A beleza tem de ser habitada por dentro. O público sente isso. Sem conteúdo, mais tarde ou mais cedo, ficas pelo caminho", diz a apresentadora, uma eterna apaixonada pelo pequeno ecrã. Mas não se ilude. "A TV é um meio difícil. Existe alguma tendência para a competitividade. Confesso que não é um meio propício a amizades profundas, embora tenha algumas. As pessoas são tão diferentes que não há necessidade de se ultrapassarem", acrescenta Ana Rita.

A estreia como actriz... só com um papel denso

É um amor antigo, mas só agora Ana Rita Clara se entregou à representação. A frequentar um curso de três meses na Plural [a produtora das novelas da TVI], e tendo como formadores actores como Manuela Couto ou Maria Henrique, Ana Rita não podia estar mais realizada. "Estou encantada e tenho imenso respeito. Senti que agora já tinha alguma bagagem emocional. Queria ganhar ferramentas para melhor usar a minha voz. E fui descobrindo coisas em mim. É mágico esqueceres-te de tudo e entrares, de facto, noutra vida." Quanto a convites como actriz, dentro ou fora da SIC, adianta: "Gostava de um dia desconstruir a imagem que as pessoas têm de mim como Ana Rita Clara apresentadora... bem-disposta e descontraída. Não gosto de estereótipos. Gostava de fazer um papel denso, com subtexto, complexo", frisa.

Para além disso, prepara-se para fazer um workshop em realização de documentários e continua empenhada na sua produtora de conteúdos média Drop. "Não há tempo para tudo! É preciso uma organização militar, mas é possível. Só assim sou feliz", afirma Ana Rita.

A viver em Lisboa há vários anos, a jovem, natural de S. João da Madeira, distrito de Aveiro, confessa que estar longe da família nunca foi um impedimento. "Sempre fui independente. A família é a base do que sou mas tenho de fazer o meu caminho. Aos 18 anos saí de casa e nunca mais parei. Sofres muito, bates com a cabeça e há momentos em que te sentes só, mas o balanço é positivo", diz.
Mulher de várias paixões, gosta de sol. "Por me sentir com luz, com energia." Mas é também apaixonada por "arte, por Fernando Pessoa ou Ingrid Bergman, pelo silêncio, pela descoberta...", atira. A NTV propôs-lhe um desafio: revelar três segredos seus que ninguém saiba. "Sou viciada em bolinhos de canela, gosto muito de conduzir e de velocidade... e já fiz dança do ventre", ri-se.

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