Amanhecer na Beira sem água, sem teto e à espera do pior

A repórter da TSF Dora Pires, que chegou ao local na última noite, revela que a perspetiva, pela manhã, é "bastante pior" daquela que a luz da lua deixara adivinhar durante a noite, perante uma cidade às escuras, sem eletricidade.
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O nascer do dia revela um cenário de "total devastação" na cidade da Beira, em Moçambique, onde a passagem do ciclone Idai já fez pelo menos 217 mortos, de acordo com os dados do governo de Moçambique.

"O cenário é de total devastação. Há muitas árvores [caídas] a ocupar parte da estrada, continua a haver postes de eletricidade completamente caídos ou perigosamente inclinados, há muros de cimento e de tijolo que foram completamente arrancados e os edifícios de betão estão sem vidros", descreve a enviada especial da TSF, Dora Pires.

Junto ao aeroporto da Beira, é possível ver os efeitos da passagem do ciclone pelo bairro da Manga, onde vivem milhares de pessoas, e que foi um dos mais devastados na cidade.

"Muitas das habitações nesta zona são precárias, os telhados são, regra geral, feitas com folha de vigo, e, naturalmente, com ventos ciclónicos na ordem dos 200 Km por hora, praticamente ninguém tem teto neste bairro, onde vivem muitos milhares de pessoas", conta a repórter. "É quase impossível encontrar uma casa digna desse nome."

A destruição afetou também o comércio. A enviada da TSF relata que o maior supermercado da Beira tem agora "um ar estranho", uma vez que "a montra ainda exibe manequins, mas [o edifício] foi totalmente destelhado e parte das paredes desapareceram. Logo a seguir, foi pilhado. Nesta altura só tem os manequins".

"O mesmo aconteceu com alguns armazéns de bens de primeira necessidade, nomeadamente farinha. Quando os telhados destes edifícios voaram, logo a seguir, todas as pessoas que puderam vieram e levaram o que podiam levar", indica a repórter da TSF. "Aí nem sequer houve intervenção da polícia, porque se percebeu que as pessoas estão, de facto, numa situação muito difícil", acrescenta.

Apesar de tudo, o mercado da cidade está a funcionar. "As pessoas estão a vender um pouco de farinha, manga e banana. Pouco mais do que isso há para vender", diz a repórter da TSF enviada a Moçambique.

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