AMA incita ajuda entre justiça penal e agências antidoping

O combate ao doping tem de ter a ajuda cada vez maior da justiça criminal, para travar o tráfico e chegar a quem administra o doping aos atletas. Por isso a Agência Mundial Antidopagem (AMA) lançou um guia para estimular a cooperação entre os organismos antidoping e as autoridades policiais.
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"Há já algum tempo que vimos dizendo que só os testes não são suficientes para combater o doping no desporto e as Organizações Antidoping [ADO, sigla em inglês] precisam de desenvolver relações com as autoridades policiais em todo o mundo", afirmou John Fahey, presidente da AMA, em comunicado, depois de o guia ter sido apresentado ao comité executivo e ao conselho fundador da agência, em reuniões realizadas no fim-de-semana.

"Estamos a mostrar às ADO como melhor granjear os poderes das autoridades públicas na luta contra o doping no desporto - nem todas as infracções às regras são analíticas, pois há muitos perpetradores a montante que escapam à jurisdição da justiça desportiva. É do nosso interesse tentar a assegurar que as leis antidopagem nacionais proíbem todas as substâncias dopantes e que sejam removidos quaisquer obstáculos que impeçam a partilha de informação", defendeu Fahey.

Casos exemplares que foram escândalos mundiais

Intitulado 'Coordinating Investigations and Sharing Anti-Doping Information and Evidence' (coordenando investigações e partilhando informação e provas antidopagem), o documento foi publicado ontem no site da AMA. "Este guia não é um modelo de melhores práticas que têm de ser seguidas, não é proposto como uma parte formal do programa mundial antidoping, foi sim elaborado para indicar como cada autoridade policial pode vir a ser abordada por uma ADO e como relações sensíveis podem vir a ser formadas - isto é um guia nessa direcção", vincou Fahey.

O documento inclui casos exemplares no passado recente que resultaram a colaboração entre organismos antidoping e a justiça criminal. Uma das situações descritas é o trabalho efectuado entre a AMA, o Comité Olímpico Internacional e os Carabinieri que levaram à operação, em plenos Jogos Olímpicos de Inverno de 2006, em Turim, visando as equipas de esqui de fundo e biatlo da Áustria, por uso de doping sanguíneo (em Itália o recurso à dopagem é considerado também um delito).

Outro dos casos descritos é o escândalo BALCO, no qual estes laboratórios com sede na Califórnia "redesenhavam" quimicamente esteróides anabolizantes já antigos, para que escapassem aos controlos, e forneciam vários tipos de dopantes a alguns dos atletas mais famosos do mundo, como Tim Montgomery, ex-recordista mundial dos 100m, e a sua antiga companheira, Marion Jones, que acabou desapossada de cinco medalhas olímpicas conquistadas em Sydney 2000.

Um caso que levou ao reforço das medidas de controlo do tráfico de anabolizantes e que esteve no centro das discussões nos simpósios de investigação realizados para estabelecer uma forma de melhorar a partilha de informação entre ADO, agências governamentais e policiais. Os três simpósios, realizados em Colorado Springs (EUA), Londres (Reino Unido) e Sydney (Austrália), resultaram na elaboração do novo guia.

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