Álvaro Siza Vieira revisita Casa Beires 40 anos depois da sua construção
A propósito da edição da obra, Siza Vieira, juntamente com o fotógrafo Luís Ferreira Alves e a proprietária da casa, Elzira Beires, vão conversar sobre a conceção e construção do edifício, numa sessão marcada para sábado, no Auditório do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, a partir das 16:00.
A passagem do tempo sobre a casa é um dos temas de destaque, sendo descrito pelo arquiteto natural de Matosinhos como um elemento derradeiro de transformação "que não tolera erros".
Por sua vez, a luz proveniente do sol altera, igualmente, os espaços, num processo que vive do diálogo entre as componentes físicas da casa com a natureza.
"As portadas [da Casa Beires] tapam ou revelam a paisagem, movidas pelo desejo de quem a habite", acrescenta Siza Vieira, que afirma desempenhar o papel de observador alheio, ao finalizar o projeto do edifício.
No encontro, com entrada livre mediante reserva, os protagonistas irão recordar o processo de construção da Casa Beires, que teve o seu início com uma encomenda por parte de Carlos Machado de Beires, em 1973.
O edifício - onde Elzira Beires ainda hoje reside - tem a alcunha de "Casa Bomba", devido ao seu formato de cubo "que tivesse sofrido uma explosão numa das arestas", destaca o comunicado da organização.
Sobre esta casa escreveu o arquiteto e investigador Jorge Figueira que "o caráter camuflado e intimista das obras domésticas de Álvaro Siza tem na Casa Beires uma reviravolta, mesmo se o cliente pretendia uma casa com pátio, virada para o interior."
"A implantação do desejado pátio interior, dada a pequena dimensão do lote, leva Siza a um jogo tenso entre o construído e o espaço livre. Nesse sentido, a Casa surge como um bloco fragmentado, o resultado de uma 'explosão'", acrescentou Figueira na sua tese de doutoramento, na qual cita Alexandre Alves Costa, que sobre esta casa disse que "a homenagem à razão desejada é dramaticamente exposta à cidade na sua impossibilidade".
O também arquiteto Alves Costa acrescentou, ainda citado por Jorge Figueira: "Naquele momento todos nós queríamos ter construído a Casa Beires, um monumento à impossibilidade da razão".