Alunos de cursos curtos apoiados por mais de 6500 empresas
Os novos cursos técnicos superiores profissionais (TeSP) tiveram um arranque tímido em 2014/15, com meia centena de formações e 365 alunos inscritos, mas este ano letivo estão a superar expectativas. Nomeadamente ao nível do interesse despertado entre as empresas, parceiras fundamentais para a componente de estágio dos estudantes e destino final dos profissionais que serão credenciados nestas formações de dois anos dos institutos politécnicos e escolas superiores.
No atual ano letivo, funcionam já 300 TeSP, com mais de 5000 alunos. Na Direção Geral do Ensino Superior (DGES) estavam registadas, até ao passado dia 12, um total de 510 formações, com capacidade para acolher perto de 16 mil estudantes. Só na semana passada foram publicados em Diário da República 13 novos cursos (ver mapa).
Os TESP vieram substituir os Cursos de Especialização Tecnológica (CET), que acabam no final deste ano. As formações têm algumas semelhanças entre si, nomeadamente a duração e as qualificações oferecidas: uma certificação de nível 5 do Quadro Nacional de Qualificações. Mas enquanto os CET estavam mais vocacionados para atrair adultos já no ativo, que queriam reforçar as suas habilitações e eventualmente prosseguir estudos superiores, os TeSP surgiram como uma continuação natural dos cursos profissionais e vocacionais do secundário, com o objetivo de formar novos "técnicos superiores" para o mercado de trabalho.
Neste campo, a mobilização das empresas era fundamental. E a resposta, até agora, tem sido positiva. De tal forma, que os estágios já assegurados - 18644 - superam o máximo de alunos possíveis nos 510 cursos já aprovados.
De acordo com dados da DGES, atualmente estão envolvidas nestas formações 6545 empresas e organismos. Sobretudo pequenas unidades - 5024 - com menos de 50 trabalhadores. Mas também grandes empresas, 302 delas com mais de 500 trabalhadores.
Para alguns setores, onde a carência de mão-de-obra qualificada de nível intermédio ainda é elevada, as instituições até se podem dar ao luxo de selecionar os parceiros.
Em 2014/15, a Escola Superior de Gestão, Design e Tecnologias de Produção, da Universidade de Aveiro, foi uma das pioneiras na oferta destes cursos, ao lançar um TeSP de "Sistemas Mecatrónicos e de Produção". De forma simplificada: uma área que se pretende com o uso da informática no trabalho com máquinas industriais.
Hoje, conta ao DN Carmen Guimarães, coordenadora destes cursos na escola superior, já são as empresas a ficarem em fila de espera para oferecerem estágios de seis meses aos alunos. "Nestes casos de sistemas mecatrónicos tivemos pedidos de parceria com empresas às quais não pudemos dar resposta, porque não temos alunos suficientes".
O interesse em formar não equivale a um compromisso de contratação, ressalva, mas não deixa de ser um bom indicador das perspetivas de empregabilidade dos alunos: "Não há uma garantia de empregabilidade mas, no caso da nossa região, há uma grande procura da mecatrónica, da mecânica, da eletrónica".
Entre os parceiros desta escola da Universidade de Aveiro, cujos alunos estudam no novo Polo do parque de Cercal, contam-se multinacionais como a Bosch, a Yasaki Saltano e a Renaul Cacia, que produz caixas de velocidades para esta marca francesa e também para a japonesa Nissan.
O setor dos moldes, onde será em breve aberto um novo TesP, é outro onde as solicitações das empresas são elevadas: "Já acontecia quando tínhamos um curso de especialização tecnológica dessa área e foi esse interesse que nos motivou a abrir agora um TESP com características semelhantes".
Refira-se que os alunos destes cursos não correspondem ao retrato inicial traçado pelo anterior governo: "Temos um grupo de estudantes muito heterogéneo. Há de facto alunos vindos do secundário mas também alunos que já estão a trabalhar e querem reforçar as suas qualificações e outros que estão a apostar numa mudança de área".
Um dos pontos fracos apontados aos TeSP, por comparação com os CET, eram as dificuldades colocadas aos estudantes que pretendiam prosseguir cursos superiores após a formação. Mas este é um dos aspetos que o atual ministro da Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor, já prometeu rever. O que poderá ser um fator adicional a contribuir para atrair mais alunos a estas formações curtas.