Altice reorganiza PT Portugal a pensar na compra da TVI
A Altice já está a desenhar uma reorganização na gestão da PT Portugal e da Media Capital preparando as empresas para a compra do grupo dono da TVI. Paulo Neves, atual chairman e CEO da PT Portugal, deverá passar a ser executive chairman da Media Capital e do Meo, estando nesta fase o grupo à procura de um nome para ocupar o cargo de CEO da PT Portugal, com responsabilidades sobre o negócio das telecomunicações, sabe o DN/Dinheiro Vivo. A Altice não comenta esta informação.
A nomeação de Paulo Neves para executive chairman da Media Capital só irá acontecer após o processo de aquisição estar formalmente concluído, mas replica a separação entre o braço das telecom e dos media implementada em outros mercados como França ou Israel onde o grupo tem ativos de media. Foi este o cenário traçado pelo grupo francês numa reunião com cerca de 200 quadros da PT Portugal na sexta-feira, no mesmo dia em que foi anunciado o acordo fechado com os espanhóis da Prisa para a aquisição do grupo dono da TVI, da Rádio Comercial e do IOL por mais de 450 milhões de euros, concretizando a estratégia de convergência entre as telecomunicações e os media. Uma estratégia levada a cabo pelo grupo fundado por Patrick Drahi nos mercados onde está presente.
A reorganização na gestão de topo das empresas procura ainda remover um eventual obstáculo ao negócio junto dos reguladores, com o cargo de CEO dos dois negócios a ser assegurada por gestores distintos. Rosa Cullell, atual CEO do grupo Media Capital, deverá manter-se no cargo. Pelo menos, foi esse o desejo que Michel Combes, CEO do grupo Altice, transmitiu quando anunciou o negócio em Portugal. Em aberto, ficará o lugar de CEO da PT Portugal para o qual o grupo procura um novo nome para liderar o negócios das telecomunicações. Para o lugar procuram um gestor com experiência no mercado nacional, segundo foi transmitido aos quadros presentes na reunião, bem como aos que acompanharam o encontro através de webcast.
A ponte entre o negócio das telecom e dos media será assegurada por Paulo Neves, mas só depois de os reguladores darem luz verde. A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), que tem poder vinculativo neste negócio, já foi "formalmente notificada", por telefone, do acordo para a compra da Media Capital pela Altice, informou Carlos Magno. O presidente do conselho regulador garantiu ainda à Lusa que a ERC tem já "uma equipa pronta a trabalhar" sobre esta operação. O negócio tem ainda de ser autorizado pela Autoridade da Concorrência. Aos reguladores caberá passar, chumbar ou impor remédios a este negócio que promete agitar o setor das telecomunicações e dos media em Portugal.
A Impresa, que tem estado no foco das atenções com o mercado a antecipar que um eventual contra-ataque da NOS passe pelo grupo dono da SIC, é aí que parece depositar as suas esperanças. "A Impresa é, e sempre foi, a favor da concorrência leal num mercado que funcione de forma sã, bem como do pluralismo na comunicação social", reagiu fonte oficial do grupo. "Estamos confiantes de que os reguladores portugueses e europeus terão estes dois princípios em conta quando se pronunciarem sobre a operação em causa", reforçou a mesma fonte oficial da Impresa.
Um recado aos reguladores, depois de na sexta-feira Francisco Pinto Balsemão (fundador da Impresa) e Francisco Pedro Balsemão (CEO) terem sido recebidos pelo Presidente da República. A audiência com Marcelo Rebelo de Sousa foi no mesmo dia em que recebeu Patrick Drahi, do grupo Altice, mas segundo fontes ouvidas pelo DN/ /Dinheiro Vivo, já tinha sido solicitada há pelo menos uma semana. Na mesa? O impacto desta operação no setor dos media.
Com este negócio, a Altice compra não só vários canais de TV e rádio como reforça no digital, onde já tem o portal Sapo. Ao juntar o IOL, a Altice irá absorver 48% do investimento publicitário digital alocado aos publishers de media em Portugal, o meio que mais cresce. Em Portugal, a maior fatia do investimento no digital é absorvida pelo Google e pelo Facebook, calculando-se que apenas 30% seja alocado aos media. Há ainda receios que esta concentração possa ter impacto na hora de negociar com o Meo os fees dos canais cabo que não fazem parte do universo da TVI, dizem outras fontes ouvidas pelo DN/Dinheiro Vivo.