Alsa Todi quer mais faixas 'bus' para melhorar transporte para Lisboa

Empesa cumpriu em junho o primeiro ano de operação concessionada pela Carris Metropolitana na Península de Setúbal. A entidade gestora Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) diz que houve uma "melhoria do serviço" da Carris Metropolitana na Península de Setúbal.
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A Alsa Todi, operadora da área 4 da Carris Metropolitana nos concelhos de Alcochete, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, defende um reforço das faixas 'bus' para melhorar a eficácia do transporte rodoviário para Lisboa.

"O nosso principal problema está relacionado com o acesso diário das nossas linhas a Lisboa. O reforço das faixas 'bus' [exclusivas de transportes públicos] será uma medida importante para facilitar a concretização dos horários", disse esta quinta-feira à agência Lusa fonte da empresa.

"O uso indevido por parte de automobilistas destas faixas também não facilita o nosso trabalho. Diariamente são feitas discussões no sentido de melhorar a operação, um trabalho que conta com a colaboração ativa dos nossos motoristas, verdadeiros provedores dos nossos utentes", acrescenta a Alsa Todi, em resposta a perguntas da agência Lusa sobre o primeiro ano de atividade da empresa na região.

A Alsa Todi, que no passado mês de junho cumpriu o primeiro ano de operação concessionada pela Carris Metropolitana na Península de Setúbal, faz um balanço positivo do trabalho desenvolvido e lembra que foi a primeira a assumir a operação na margem Sul do rio Tejo.

A empresa salienta ainda que, para iniciar a atividade, teve de adquirir "240 autocarros de última geração" e contratar "mais de meia centena de motoristas", muitos dos quais em Cabo Verde, devido à escassez de profissionais em Portugal.

Ao longo deste primeiro ano, a Alsa Todi teve também de dar resposta à introdução de novas linhas rodoviárias, nos termos do contrato de concessão, bem como ajustar percursos e carreiras em função dos pedidos dos municípios, mas a empresa garante que tem vindo a dar reposta a todas as solicitações.

"As dificuldades iniciais, pelo facto de a Alsa Todi ter sido a primeira a arrancar com a operação, foram resolvidas e ultrapassadas, conforme é reconhecido publicamente pelos nossos utentes e entidades públicas", refere a empresa, assegurando que além da contratação de motoristas foi dando resposta aos ajustes que lhe foram sendo solicitados.

A entidade gestora Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) diz que houve uma "melhoria do serviço" da Carris Metropolitana na Península de Setúbal, avaliação também feita pelos utentes, que apontam, no entanto, situações de incumprimento de horários.

"Neste momento, o balanço é já tendencialmente positivo. E a operação já está estável, com muito mais oferta do que aquela que existia antes da Carris Metropolitana. E com uma taxa muito razoável de cumprimento de horários", disse à agência Lusa Rui Lopo, administrador da TML, entidade encarregue de coordenar e planificar todos os transportes públicos coletivos intermunicipais na Área Metropolitana de Lisboa.

"As pessoas já manifestam algum contentamento pelo serviço que é disponibilizado", assegurou, convicto de que foram ultrapassadas muitas das dificuldades, como atrasos e supressão de carreiras que se verificavam no início de atividade, há cerca de um ano, em grande parte devido à falta de motoristas no mercado nacional.

O transporte coletivo rodoviário de passageiros na Península de Setúbal é assegurado, desde julho do ano passado, pelos Transportes Sul do Tejo (TST) na área 3, nos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra. Na área 4, que abrange os concelhos de Alcochete, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, a Alsa Todi iniciou a atividade um mês antes, em junho de 2022.

"Já temos hoje mais serviços do que aqueles que estavam pensados para o arranque. Os dados que nós temos neste momento na margem Sul têm um comportamento, do ponto de vista da procura, bastante interessante: nós já estamos, quer na área 3, quer na área 4, com um número de passageiros cerca de 1% acima dos passageiros de 2019", disse.

"Temos cerca de 57.000 passageiros por dia útil na área 4, que é um número fantástico e que tem vindo sempre a subir ao longo de todo o ano de operação. E na área 3 um número que se aproxima dos 121.000 passageiros, em média, por dia útil", salientou.

Rui Lopo afirma também que o número de reclamações já é "diminuto" e que "não há referências negativas pesadas", embora reconheça que há sempre problemas para resolver, "porque quando um motorista adoece, quando falha, são 50 pessoas que ficam sem serviço".

Alguns utentes da Carris Metropolitana, como é o caso de Ana Beatriz, que todos os dias utiliza os autocarros da Alsa Todi em Setúbal, consideram que os grandes problemas do início de atividade da empresa estão praticamente ultrapassados, mas garantem que ainda há atrasos significativos em diversas carreiras.

"Ao início era um bocado confuso, até porque nós não sabíamos os horários. Desde aí existem muitos mais autocarros, muito mais variedade de autocarros, muito mais percursos, os horários estão super acessíveis a todas as horas, há sempre autocarros a passarem e muito mais frequentemente. Ao fim de semana é que é um bocado mais complicado", disse Ana Beatriz, que não hesitou em dar "nota positiva" ao serviço atual da Alsa Todi.

"No início houve muita falta de autocarros, principalmente para a minha zona, na Morgada (concelho de Setúbal), mas tem havido uma melhoria. Na época escolar ainda há algumas complicações, porque muitos autocarros passavam já completamente cheios, principalmente com estudantes da Escola Profissional e do Instituto Politécnico de Setúbal", corroborou Liliana Ventura, ressalvando que há zonas onde continuam a faltar autocarros.

"Muitas pessoas ficam nas paragens e têm de esperar pelo próximo autocarro ou ir de táxi para o trabalho ou para casa. Antes faltavam motoristas, agora parece que faltam autocarros. Vamos ver como será a partir de setembro [quando recomeçarem as aulas]", acrescentou.

Mas também há utentes que não vislumbram nenhuma melhoria no serviço, como é o caso de Lidiana dos Santos Barão, que utiliza regularmente a carreira entre Setúbal e Lisboa.

"Não tem melhorado, só piorado. Tentamos estar aqui a horas, mas o autocarro muitas vezes não cumpre o horário. Há atrasos quase todos os dias e às vezes os autocarros passam aqui já completos e temos de esperar pelo próximo", lamentou Lidiana Barão.

"Às vezes demora um pouco e temos de aguardar, não temos outra opção", confirmou Maycon Araújo, enquanto aguardava pelo autocarro para Lisboa na interface de transportes de Setúbal.

O utente conta ainda que recentemente teve de esperar mais de uma hora pelo autocarro.

"Às vezes também chegam pontualmente, mas é aquele verdadeiro tiro no escuro", concluiu.

A agência Lusa tentou ouvir também a empresa Transportes Sul do Tejo (TST), que também iniciou a atividade há cerca de um ano na área 3 da Carris Metropolitana, nos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra, mas tal não foi possível.

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