Almada
As Danças na Cidade vão receber pela segunda vez o Prémio Almada para a dança. Facto inédito, depois da distinção em 1999 (na altura ex- -aequo com o Balleteatro e o Teatro Viriato), o mais importante prémio para as artes performativas volta a eleger a associação cultural, dirigida por Mark Deputter. Os prémios atribuídos anualmente pelo Instituto das Artes (IA) distinguem ainda em 2004 as contribuições do encenador João Brites, no teatro, e do compositor Filipe Pires, na música.
Mark Deputter, feliz pelo reconhecimento, confessa ao DN que "o prémio tem um sabor amargo" "Em 2004 fomos obrigados a cancelar o nosso festival por falta de financiamento. Foi um ano muito negativo." O Festival Danças na Cidade teve a sua última (e memorável) edição em 2002. Dados os impasses na atribuição de subsídios, a associação cancelou a edição de 2004, substituindo-a pelo Al Kantara, "pequeno festival" que serviu de lançamento para "um grande evento transdisciplinar e intercultural" a realizar em Junho de 2006. Talvez por isso o júri (Cláudia Galhós, Cristina Peres, Luísa Taveira e Vasco Macide) saliente a "extraordinária capacidade de adaptação dos seus [da associação] modelos de produção e criação".
No ano em que comemorou 30 anos e em que apresentou a adaptação de Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago, o Teatro O Bando recebeu uma medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura. Agora, é a vez de o seu director, João Brites, ser distinguido com o Prémio Almada, destacando o júri (Fernando Matos Oliveira, Isabel Alves Costa, Mário Carneiro, Paulo Eduardo Carvalho e Rui Cintra) a "extraordinária contribuição" deste criador "para o teatro português dos últimos 30 anos, na exploração e interrogação da arte teatral e dos seus meios expressivos".
Do mesmo modo, foi também a pensar em toda uma carreira que o júri da música (Alexandre Delgado, Filipe Mesquita de Oliveira, Jorge Lima Alves, José Duarte e José Luís Borges Coelho) atribuiu o Prémio Almada ao compositor Filipe Pires "pela forma como integrou três épocas bem distintas - da tradição neoclássica ao experimentalismo de vanguarda, prolongando--se na diversidade pós-moderna - numa obra vasta e rigorosa".
revelações. Escolhidos pelo mesmos júris, os Prémios Ribeiro da Fonte destinam-se, desta vez, todos as artistas nascidos depois de 1974. Sem surpresa no caso de Ricardo Rocha, "excepcional simbiose de compositor e intérprete, que confere à guitarra portuguesa uma nova dimensão". Nos espectáculos de Igor Gandara, encontra o júri indícios "de uma vivência atenta da contemporaneidade". E, quanto ao trabalho da coreógrafa Vitalina de Sousa, diz que é "fruto de uma procura muito apurada e persistente e do desenvolvimento de uma linguagem muito própria".
Os prémios. Os Prémios Almada e Revelação Ribeiro da Fonte foram instituídos pelo antigo Instituto Português das Artes e Espectáculos (actual IA) em 1998, com o objectivo de destacar, anualmente, os criadores, intérpretes ou estruturas que se tenham distinguido no panorama artístico nacional das artes do espectáculo. Os Almada têm o valor de 25 mil euros, enquanto os Ribeiro da Fonte correspondem a cinco mil euros.